Escola Integral

Vale Paraibano - Sexta-feira, dia 21 de abril de 2006

sex, 21/04/2006 - 11h06 | Do Portal do Governo

Elisa Pinheiro de Freitas

Acompanhando cotidianamente as informações acerca dos episódios de conflitos em algumas Escolas Estaduais do município de São José dos Campos por meio dos diversos veículos de comunicação, sentimo-nos na obrigação de fazer uma breve explicação, seguida de uma reflexão, aos pais, alunos, professores e sociedade em geral a respeito dos novos projetos educacionais que estão em andamento na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

Esse ano constitui um marco fundamental em nossa rede pública de ensino, pois, de acordo com o que já era previsto pela Lei nº 9.349, de 20/12/96- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – está sendo implementada a Escola de Tempo Integral em 510 Escolas do Estado de São Paulo.

Em nosso município temos nove Escolas em que crianças e adolescente permanecem no ambiente escolar durante oito horas por dia. Mas, o que vem a ser a Escola de Tempo Integral? Quais são os objetivos gerais desta proposta?

Primeiro, o ideal de educar o homem na sua integralidade não é recente. Na Grécia Antiga foi pensado um sistema educativo no qual a preocupação básica era preparar os homens, desde a mais tenra idade, para a vida pública. E essa preparação tinha como finalidade potencializar a seguintes competências ou habilidades nos indivíduos: o logos (razão), o patos (sentimentos), o mitos (religião) e o eros (amor). Dessa forma, os gregos foram os expoentes no que tange o aprimoramento do homem em todas as suas dimensões, ou melhor, na sua totalidade.

Evidente que o nosso contexto sócio-histórico é outro. A sociedade contemporânea está densamente estruturada no tripé Ciência, Técnica e Informação e esse caráter técnico-cientifico-informacional da sociedade tem exigido cada vez mais uma grande flexibilidade dos indivíduos que são convocados a atuar nos mais diversos campos da atividade humana.

No entanto, as nossas contingências educacionais continuam a ter o mesmo propósito preconizado pelos gregos: educar crianças, jovens etc para a vida em sociedade, para o pleno exercício da cidadania.

A Escola de Tempo Integral vem contemplar essa necessidade de assegurar as nossas crianças e adolescente uma formação integral, ou seja, possibilitando que as mesmas se apropriem de toda a produção cultural da nossa sociedade. Para tanto, integrando o currículo básico o qual inclui os componentes curriculares como geografia, história, matemática, língua portuguesa etc, juntam-se também as oficinas curriculares como Hora da Leitura, Empreendedorismo Social, Orientação à Pesquisa, Experiências Matemáticas, Saúde e Qualidade de vida dentre outras.

Essas Oficinas devem ter um caráter prático: os conceitos apreendidos durante as aulas de matemática, biologia etc, devem ser vivenciados de forma dinâmica e lúdica por meio das Oficinas. Porém, isso não impede que as aulas de geografia, história etc do currículo básico também sejam dinâmicas.

O êxito dessa nova proposta de ensino dependerá do compromisso de todos: educadores, diretores, pais, alunos e de toda a sociedade civil, pois Educação é algo sério, exigindo de quem está envolvido no processo um compromisso ético na preparação das gerações futuras que tomarão decisões no âmbito da política, da economia, da sociedade e do território.

Sendo assim, a Escola de Tempo Integral, sem dúvida nenhuma, representa um importante passo no processo de formação de futuros cidadãos conscientes e por isso constitui um avanço em termos de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da Educação como um todo.

Elisa Pinheiro de Freitas é assistente Técnica Pedagógica da Escola de Tempo Integral da Diretoria de Ensino de São José dos Campos