Escola estadual é sucesso na Zona Leste

Jornal da Tarde - Sábado, dia 6 de maio de 2006

sáb, 06/05/2006 - 10h56 | Do Portal do Governo

MARIA REHDER

maria.rehder@grupoestado.com.br

Administrar a fila de espera por uma vaga de candidatos de regiões distantes como Guaianazes e Cidade Tiradentes; ter uma aluna que acaba de voltar de Portugal por ter vencido a Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa, e ser a 25ª colocada no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que teve a participação de 15.976 escolas públicas do país. Essa é a realidade da Escola Estadual João Borges, localizada no Tatuapé, que tem mais de 1,8 mil alunos.

Na verdade, essas conquistas, que contrariam o preconceito de que escola pública não oferece ensino com qualidade, não foram os fatores que levaram a reportagem do JT a visitar a EE João Borges, mas sim, o relato de uma mãe de aluno.

“Há 4 anos, tive de tirar o meu filho da escola particular, pois enfrentamos problemas financeiros. Foi difícil, pois achava que encontraria uma escola inferior, sem falar do medo da violência. No entanto, o que encontrei foi algo diferente: uma escola organizada, com um atendimento pedagógico de primeira linha”, diz Sirley Sá, secretária-executiva, mãe de Flávio Henrique, da 8ª série .

No início, Sirley conta que seu filho ficava isolado na escola. “O que mais me surpreendeu foi que as coordenadoras logo me procuraram para conhecer a realidade familiar dele. Ao conversar, descobriram que ele conhecia uma menina de outra sala e o transferiram, o que facilitou sua integração.”

Hoje, Flávio tem ótimo rendimento pedagógico. “É incrível ver como as coordenadoras mantêm o contato conosco, além de garantir ensino de qualidade”, avalia.

Segredo do sucesso

Coordenadora pedagógica da EE João Borges há 15 anos, Meres F. da Silva diz que nem sempre a escola foi este mar de rosas. “Antes a gestão era rígida, os professores não tinham liberdade”, conta.

A mudança, segundo Meres, ocorreu há 8 anos , com a entrada da diretora Claudete A. de Palma. “Ao assumir, ela deixou claro que a prioridade seria a proximidade com as famílias e os professores seriam livres, mas teriam de se comprometer”, afirma.

Alguns não aceitaram este modelo e saíram da escola. “Levamos 2 anos para implementar o novo projeto, que incluía dedicação integral, fator fundamental para bons resultados. Hoje, os professores sempre estão de olho nos alunos e elaboram em conjunto o conteúdo pedagógico, com ênfase na cidadania e temas atuais”, diz.