Entre agulhas e linhas, a chance do primeiro emprego

O Estado de S. Paulo - Suplemento Estadão Sul - Sexta-feira, 12 de março de 2004

sex, 12/03/2004 - 10h21 | Do Portal do Governo

Jovens da periferia ganharam uma profissão por meio de projetos sociais

RENATA GAMA

De manhã, a escola. De tarde, a confecção de roupas infantis, no Campo Belo.

Sob a orientação da empresária Tânia Feferbaum, dona da Tyz Moda, Gabriela, Divanilda, Michele e Renata aprendem a bordar, fazer o acabamento das roupas, criar bolsas e acessórios.

Elas são adolescentes que vivem em bairros pobres da periferia da zona sul de São Paulo. Todas enfrentaram dificuldades para conseguir o primeiro emprego, mas encontraram através de programas sociais a chance de ingressar no mercado de trabalho.

‘Todas as meninas chegaram aqui sem saber fazer nada, muito tímidas e quietas. Com o tempo, foram aprendendo o trabalho e ganhando segurança’, conta a empresária. Testemunhar o amadurecimento das suas pupilas é algo que deixa a empresária muito orgulhosa. ‘Eu tenho muita satisfação em sentir que essas meninas estão crescendo’.

A experiência ainda ajuda as adolescentes a vencer a inibição e a desenvolver uma postura mais adequada ao trabalho. ‘Aqui, eu aprendi também a me relacionar com as pessoas, a falar ao telefone e agora até ajudo no atendimento’, conta Renata Lopes, de 17 anos.

Mais experiente que as demais, a estudante tanto aprendeu que já tem o que ensinar. Há sete meses na confecção, é ela quem treina as adolescentes recém-chegadas à loja, como Gabriela Araújo, de 17 anos.

Sacrifício – Todos os dias, Renata sai do bairro Sete Pedras, no fim da Estrada do Alvarenta, para trabalhar. Mas o sacrifício será compensado. ‘Ela vair ser a primeira menina efetivada na loja’, garante Tânia.

Durante seis meses, Renata recebeu uma remuneração de R$ 130, divididos entre a empresa e o Programa Jovem Cidadão, do governo do Estado, além do vale-transporte. No fim do período, o estágio de Renata foi renovado por mais meio ano e o salário, que passou a ser de R$ 300, agora é pago integralmente pela confecção.

Divanilda, de 16 anos, e Michele, de 17, também fazem parte do projeto do governo estadual. Já Gabriela, de 17 anos, chegou até à confecção através de um programa social da ONG Gotas de Flor com Amor. Ela foi acompanhada por educadores durante sete anos e teve aulas de informática, web design e comunicação. Hoje, ela passa pela última fase do projeto, que consiste na vivência profissional.

Emprego – Estas não são as primeiras meninas que trabalham com Tânia, que mantém outras duas lojas. Satisfeita, ela conta que uma das adolescentes que passou pela Tyz, chamada Juliana, deixou o estágio para trabalhar em outra confecção ganhando mais.