Empresas buscam meios de racionalizar demanda

Valor

seg, 22/03/2010 - 8h48 | Do Portal do Governo

Organismos públicos e empresas privadas têm procurado alternativas para racionalizar o uso da água. A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), responsável pelo fornecimento de água tratada, coleta e tratamento de esgoto a 20 milhões de habitantes só na região metropolitana de São Paulo, precisa buscar a água no sistema Cantareira, pertencente à bacia de Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), no interior do Estado. Isto porque a vazão do rio Tietê já não é suficiente. A bacia PCJ, com 31 mil litros por segundo, abastece quase metade dos 20 milhões de habitantes.

“Atualmente, o investimento mais importante da Sabesp, uma Parceria Pública-Privada (PPP), de R$ 1 bilhão, é para levar mais água do sistema Cantareira para a região Oeste de São Paulo” , diz o diretor metropolitano da companhia, Paulo Massato. Trata-se de um contrato de longo prazo. Em quinze anos o tratamento será ampliado de 10 mil para 15 mil litros por segundo. 

“Se as regiões metropolitanas continuarem a crescer, o conflito pela água será cada vez mais forte e teremos de buscar recursos hídricos cada vez mais longe, com custo mais alto, com mais gasto de energia. Não há dúvida de que o fator econômico é que vai induzir a população a usar a água com mais racionalidade” , afirma Massato. Uma das medidas para reduzir o uso da água são os programas de educação ambiental nas escolas e trabalhaos junto a fabricantes de vasos sanitários e metais para banheiros e cozinhas.

A Lorenzetti, fabricante paulista de uma gama diversificada de metais, chuveiros elétricos, filtros e aquecedores, tem um programa para economizar água, diz o gerente de marketing, Alexandre Tambasco. A instalação de torneiras automáticas para redução do consumo já resultou em 18% de economia. Em sua recém-inaugurada fábrica de 18 mil metros quadrados, no bairro da Moóca, em São Paulo, 85% da água suja descartada é tratada e reutilizada.

A AmBev, controlada pela InBev, maior fabricante de cerveja no mundo, procura cuidar de sua principal matéria-prima em volume, que representa 95% da cerveja. ” Se não cuidarmos da qualidade, da disponibilidade da água, nosso negócio será inviabilizado ” , diz o diretor de sustentabilidade, Sandro Bassili. A água faz parte da gestão ambiental da empresa há 18 anos e é o principal indicador de eficiência. As fábricas têm metas de redução do uso de água por hectolitro de cerveja. Em sete anos foram economizados 14 bilhões de litros de água, o equivalente ao consumo de um mês de Brasília.

Em 2010 a AmBev alocou R$ 44 milhões para todos os seus programas de sustentabilidade. O mais recente é o movimento Cyan – palavra originada do grego Kyanós, que significa azul – para o uso consciente e sustentável da água, que será lançado hoje. ” Quem vê a água, enxerga seu valor ” , diz Bassili. A empresa fez uma parceria com a Universidade de São Paulo, em São Carlos, e com a ONG holandesa Water Foot Print, para calcular a ” pegada hídrica ” , isto é, o consumo de água em toda a cadeia produtiva, para estimular o uso mais consciente.