Em seis anos, movimento na hidrovia Tietê-Paraná cresce 50%

Jornal da Cidade - Bauru - Quinta-feira, 14 de abril de 2005

qui, 14/04/2005 - 9h03 | Do Portal do Governo

O transporte de cargas por meio dos rios Tietê e Paraná tem registrado seguidos aumentos, o que reflete em Pederneiras

Adilson Camargo

Pederneiras – De 1998 até o ano passado, o transporte de cargas na hidrovia Tietê-Paraná cresceu 50%, segundo o Departamento Hidroviário (DH), órgão ligado à Secretaria de Estado dos Transportes. Em 2004, o crescimento foi de aproximadamente 10% em comparação ao ano anterior. Apesar desse salto, o reflexo na arrecadação de impostos em Pederneiras (26 quilômetros a leste de Bauru) ainda é pequeno.

O município conta com alguns terminais, mas os dois principais são o grupo Coimbra (antiga Quintela) e a Torque/Caramuru. Juntas, as duas empresas receberam 597 mil toneladas no ano passado. Foram transportadas 296,5 mil toneladas de farelo de soja, mais 79,2 mil toneladas de soja para a Coimbra e 155,1 mil toneladas de farelo, mais 66,5 mil toneladas de soja para a Torque/Caramuru.

Ainda na região, a Usina Diamante, localizada no distrito de Potunduva, em Jaú, usou a hidrovia para o transporte de 779 mil toneladas de cana no ano passado. No caso de Pederneiras, os terminais recebem as cargas e em seguida manda para o Porto de Santos por ferrovia.

Balanço

Na planilha apresentada pelo Departamento Hidroviário consta que em 2004, a hidrovia foi utilizada para o transporte de mais de 3 milhões de toneladas de produtos variados. Além da soja e do farelo, estão na lista o milho, trigo, mandioca, carvão, adubo, areia e cascalho.

São cerca de 1.250 quilômetros de trechos navegáveis, sendo 450 quilômetros no rio Tietê e 800 no rio Paraná. Além de São Paulo, os Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná também são atendidos pela hidrovia.

Para atender a crescente demanda um comitê técnico tem constantemente aprovado algumas mudanças, como por exemplo o aumento na quantidade de chatas (barcaças) e na profundidade do calado (parte da embarcação que afunda).

No início, a hidrovia era utilizada por embarcações com no máximo duas barcaças. Hoje, já é permitida a utilização de quatro e está em estudo no comitê técnico a aprovação de seis barcaças. Participam do comitê, as empresas, os administradores da hidrovia e a Marinha.

Também houve aumento no calado (quanto da embarcação afunda na água). Antes era permitido até 2,50 metros. Aumentou-se mais 30 centímetros e já há pedidos para aumentar a profundidade para 3 metros.

Investimentos

“Quanto mais aumenta o calado e o número de chatas, os comboios vão ficando mais pesados. Isso indica a necessidade de uma readequação nos empurradores”, explica Marcelo Bandeira, do Núcleo de Atendimento do DH.

Segundo ele, o aumento no transporte de carga torna necessário um investimento maior dos operadores. “Uma coisa está necessariamente ligada a outra”, afirma. Para autorizar a utilização de embarcações maiores, por exemplo, é preciso que as empresas invistam na capacidade de empurrar e frear essas composições.

Sem essas melhorias não há permissão para qualquer mudança, segundo Bandeira. Esse cuidado tem como objetivo manter a segurança da hidrovia, a estrutura das eclusas e dos pilares das pontes.

Apesar do crescimento contínuo – segundo o DH, a hidrovia está crescendo em média 10% ao ano -, o transporte de cargas pelo rio Tietê reflete de maneira discreta no orçamento de Pederneiras, segundo o diretor do Departamento de Gestão e Controle Financeiro, Sidnei Colaciti. Segundo ele, a prefeitura recolhe o Imposto Sobre Serviço (ISS) das empresas que operam na hidrovia. Quanto maior o movimento nesses terminais, maior é a arrecadação, mas ainda o montante não chega a representar uma diferença tão grande.