Em quatro anos, cai 21,4% a gravidez em jovens de São Paulo

Diário de S. Paulo - 1/7/2003

ter, 01/07/2003 - 9h59 | Do Portal do Governo

Jaqueline Falcão


Diário de S. Paulo – 1º de julho de 2003

Números dos atendimentos da rede pública do estado revelam que 148 mil adolescentes ficaram grávidas em 1998 contra 116 mil no ano passado

O número de adolescentes grávidas caiu em 21,4% de 1998 a 2002 no estado de São Paulo, segundo balanço da Secretaria Estadual de Saúde. O levantamento refere-se a atendimentos na rede hospitalar: em 1998, 148.018 jovens de 10 a 19 anos engravidaram. Já em 2002, foram 116.368 casos de grávidas nessa faixa etária.

Em 1996, a secretaria implantou o Programa Saúde do Adolescente, um modelo de atendimento integral que contempla os aspectos físico, psicológico e social.

Segundo o governo estadual, a queda tem acontecido a cada ano. Em 1999, foram registrados 144.362 casos de gravidez na adolescência. Em 2000, o número de casos caiu para 136.042 e, em 2001, para 123.714.

O estudo também mostra que 90% de 2.500 jovens entre 12 e 24 anos, de vários municípios, conheciam algum método anticoncepcional, mas continuavam engravidando.

“Percebemos que as campanhas informativas sobre a necessidade do uso de anticoncepcionais eram importantes, mas não garantiam proteção. A insegurança, a baixa auto-estima, principalmente das meninas, e falta de um projeto pessoal eram fatores determinantes na vulnerabilidade da adolescente”, afirma Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do programa.

Outros dados da pesquisa apontam que quanto maior o número de anos na escola, menor a chance de engravidar na adolescência. Outro dado interessante diz respeito às filhas de pais alcoólatras e de mães que engravidaram na adolescência, que têm mais chance de engravidar precocemente.

“Em todo o mundo, somente Japão e Dinamarca têm esses índices em queda”, compara a coordenadora.

O programa fundou no bairro de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, a Casa do Adolescente. Neste serviço é oferecido atendimento com médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e dentistas. A unidade atende ainda meninas de outros estados.

Segundo Albertina esse modelo trabalha na prevenção, proteção e redução de danos. Por mês, 200 adolescentes são atendidas, desde as que iniciaram vida sexual ou passaram pela experiência da gravidez ou aborto. Nos últimos oito anos, cerca de 15.500 jovens receberam atendimento na Casa do Adolescente, segundo ela.

Capacitação

A Casa do Adolescente ministra cursos de capacitação para profissionais de outras cidades. Nos últimos dois anos foram capacitados cerca de 9.000 profissionais. Além disso, 350 monitores da saúde recebem treinamento para trabalhar com adolescentes aos finais de semana em escolas estaduais da periferia da Capital.

“Mas não é hora de descansar. Toda gravidez em menores de 15 anos é preocupante. A intenção do Governo é diminuir ainda mais esses índices”, diz o secretário de saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.