Em agosto, Biblioteca Mário de Andrade fecha por 18 meses

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 17 de julho de 2007

ter, 17/07/2007 - 11h53 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Há 50 anos, o artista e crítico literário Sérgio Milliet já pedia reformas na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no centro de São Paulo. Desde então, pouco foi feito pela segunda maior biblioteca do Brasil, atrás apenas da Biblioteca Nacional, no Rio, e visitada por 135 mil pessoas no ano passado. A situação, porém, pode mudar: a Prefeitura assinou ontem contrato com uma empresa, que tem um mês para começar reforma do prédio, sede da biblioteca desde 1942.

A reforma deve demorar um ano e meio, período em que o prédio ficará fechado para visitação. O acervo só será liberado a pesquisadores que não puderem consultar outras fontes. Nesse caso, é preciso ligar no ramal 213 do telefone 3356-5270, da Divisão de Acervo. O acervo circulante, formado por 30 mil livros que podem ser emprestados a qualquer pessoa, segue disponível numa casa na Rua da Consolação, 1.024.

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) diz que a Prefeitura vai contratar funcionários para a biblioteca, mas não estipulou prazos. “Já pedi ao secretário de Gestão (Januário Montone) que buscasse entendimentos com o secretário de Governo (Clóvis Carvalho) para atender a essa demanda.”

Com custo estimado em R$ 13 milhões – R$ 11 milhões obtidos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e R$ 2 milhões da Prefeitura -, a obra vai recuperar as fachadas, o mobiliário original e a estrutura, além da impermeabilizações nas lajes – que hoje sofrem com infiltrações – e investimentos em segurança e proteção do acervo.

Na segunda etapa da reforma, orçada em R$ 11,5 milhões, será incorporado ao complexo da biblioteca o prédio do Instituto da Previdência do Estado de São Paulo (Ipesp). O local onde hoje é a sala de leitura vai abrigar o acervo circulante. Com mais espaço, a promessa é dobrar o número de livros e, com isso, resolver um dos principais problemas apontados pelo secretário municipal de Cultura, Alexandre Calil: segundo ele, há 30 anos a falta de espaço impede o aumento do acervo, com cerca de 3,3 milhões de itens. “A biblioteca está sem condição de receber novos livros e jornais.”

Ele admite: o acervo, além de defasado, não está em boas condições. “Já fizemos análise dos jornais e o grau de deterioração é assustador.” Falta a análise dos livros, mas, segundo Calil, a estrutura inadequada de armazenamento e a forma incorreta de manuseio indicam que a situação não deve ser boa. “Vamos corrigir essas falhas na reforma”, diz.

“Recuperar o acervo é um projeto de décadas, mas tem de começar um dia”, disse Calil, que diz que a Petrobrás doou R$ 400 mil para a restauração de jornais e periódicos que estão na Biblioteca de Santo Amaro, na zona sul.

Outra mudança é a retirada das grades que circundam o prédio, que será integrado com a Praça D. José Gaspar. Calil diz não temer que a medida facilite atos de vandalismo.

“Não acho que muros altos e grades afastam vândalos”, disse. “Não é com isso que se combate o problema. Ao contrário. Cada vez mais temos de abrir prédios públicos.”