Em 2008, São Paulo terá o maior hospital oncológico do mundo

Folha de S.Paulo - Terça-feira, 18 de dezembro de 2007

ter, 18/12/2007 - 11h07 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

São Paulo terá o maior hospital oncológico do mundo, com 582 leitos. O campeão é o MD Anderson, em Houston, Texas (EUA), com 500 leitos. O Instituto de Oncologia de São Paulo (ex-Instituto Doutor Arnaldo) receberá o nome de Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha, morto em abril.

O anúncio foi feito ontem pela Secretaria Estadual da Saúde. Na última quinta-feira, o conselho deliberativo do Hospital das Clínicas havia aprovado a mudança de função do instituto -que foi concebido no fim dos anos 80 para ser um hospital da mulher.

A inauguração do novo hospital oncológico está prevista para o primeiro semestre de 2008. A expectativa é que a instituição realize cerca de 15 mil internações por ano, de acordo com o secretário Luiz Roberto Barradas Barata.

Anualmente, a capital paulista registra 45 mil novos casos de câncer, segundo o Ministério da Saúde, mas não tem um hospital oncológico público. Os pacientes do SUS são atendidos em hospitais gerais ou em instituições filantrópicas.

O novo hospital vai triplicar a atual oferta de vagas públicas oncológicas na cidade, estimada hoje em 170 leitos -sem contar os pacientes oncológicos que são tratados em hospitais públicos gerais.

“O avanço da doença ao longo dos últimos anos passou a exigir uma reorganização do atendimento oncológico em todo o país, e o governador José Serra entendeu que é necessário dar maior atenção ao setor de oncologia na rede pública de saúde”, diz Barradas.

O secretário também lembra que, com o envelhecimento da população, a tendência nas próximas décadas é de um crescimento constante no número de casos novos de câncer. “O novo instituto vai priorizar o atendimento de casos graves, desafogando os demais hospitais que prestam atendimento oncológico em São Paulo.”

De 2003 até agora, o governo estadual já investiu R$ 170 milhões nas obras do instituto -mais R$ 140 milhões em equipamentos.

Para o oncologista Agliberto Barbosa de Oliveira, presidente do departamento de cancerologia da Sociedade Paulista de Medicina, a criação de um hospital público em São Paulo que trate exclusivamente câncer é uma notícia “excelente”.

“As filas de espera são enormes, há falta de recursos e de funcionários. Existe uma grande demanda reprimida.”

Gestão

Segundo Barradas, está sendo fechada uma parceria com a Fundação Faculdade de Medicina da USP, que administrará o hospital por meio de um modelo misto de gestão.

“Sob o ponto de vista do gerenciamento, será similar a uma organização social, com metas e contrato de gestão. Sob o aspecto de ensino e pesquisa, será como ocorre hoje no InCor e no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia [poderá firmar parcerias nacionais e internacionais, captando recursos na iniciativa privada].”

Em outubro, o instituto esteve no centro de uma polêmica. Médicos do HC defendiam que a administração ficasse a cargo do hospital, e Serra entendia que o hospital deveria ser gerido por uma organização social.