Eles descobriram a USP

Jornal da Tarde - Sábado, dia 5 de agosto de 2006

sáb, 05/08/2006 - 11h19 | Do Portal do Governo

GILBERTO AMENDOLA, gilberto.amendola@grupoestado.com.br

O tamanho da Cidade Universitária, a sensação de liberdade e o sorriso das estudantes de Comunicação. Foram essas as atrações que mais impressionaram os quatro garotos de Tatuí, cidade do Interior de São Paulo, que ontem sentiram aquele “gostinho de entrar na USP”.

Eduardo, Silvio, Átila e Luis participaram da I Feira de Profissões para alunos do ensino médio. Juntos, circularam pelo descoladíssimo prédio de Geografia e História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas .

Vestidos de preto, passaram pelos estandes dos mais diversos cursos. Ouviram explicações, pegaram panfletos e no final concluíram: “No curso de Mecatrônica não tem mulher. Só dá japonês”.

A Feira de Profissões é a oportunidade para alunos da rede pública superarem o mito da USP impossível. “Na feira, eles recebem informações sobre todos os cursos. Conhecem o ambiente e vão perdendo o medo de se inscrever”, disse o pró-reitor de Cultura e Extensão da USP, Sedi Hirano. ” A visita melhora a estima desses estudantes das classes C e D, ” completou.

Hirano baseou suas observações em números interessantes. Mais de 410 mil jovens concluem o ensino médio em escolas públicas, mas apenas 71 mil se inscrevem no vestibular da Fuvest ( Para quem diz que o valor das inscrições acaba impedindo que os alunos mais carentes tentem entrar na USP, vale lembrar que, no último ano, o número de isenções foi superior à procura).

Com a feira, os estudantes descobrem que a USP não é um bicho de 7 cabeças. Os estandes apresentam as 93 carreiras e os 228 cursos disponíveis . ” Assim, eles percebem que não existem apenas Medicina e Direito”, ponderou Hirano.

Quem já estuda por lá recebe os futuros colegas . “Eles chegam com vergonha. Não sabem bem o que querem. Mas, aos poucos, vão se sentindo mais em casa”, contou a estudante de história Andrea Cavalheiro de Moraes, 21 anos.

Outro exemplo de como os alunos da USP se envolvem com a feira é o que estava fazendo, ontem, a também estudante de história Gabriela Galdino Fazzoli, 20 anos. A menina passou de estande em estande recolhendo panfletos sobre os cursos para levar aos alunos do 3º colegial de uma escola do Grajaú, na Zona Sul. “Estudei a vida inteira em escola pública. Quero dar minha contribuição e mostrar que é possível”, disse Gabriela.

A Feira das Profissões fica montada até amanhã, das 10h às 16h30. A entrada é gratuita. Os estandes ficam no prédio da FFLCH, na Cidade Universitária. Nos dias 12 e 13 de agosto a mesma feira será realizada no campus da USP Leste. “Mecatrônica só tem homem, mas Publicidade e Psicologia são um paraíso”, concluiu Silvio César Filho, do quarteto de Tatuí. “Sou meio preguiçoso. Mas percebi que vale a pena. Vou passar na USP”.