Educação além dos livros

Jornal da Tarde - Segunda-feira, dia 21 de agosto de 2006

seg, 21/08/2006 - 11h01 | Do Portal do Governo

PASSEIO CULTURAL

Atividades extra-curriculares desenvolvem ainda mais o lado criativo dos alunos

EDUARDO DIÓRIO, , eduardo.diorio@grupoestado.com.br

Acordar cedo não é uma tarefa tão simples para as crianças, principalmente durante a semana, quando elas têm de encarar a maratona de estudos. Os artifícios maternos para fazer com que os filhos despertem são infinitos: abrem a cortina do quarto, gritam, aumentam o volume rádio… Mas, dependendo do benefício que encontrarão na escola, os pequenos pulam d a cama sem reclamar. Analisando essa atitude, instituições de ensino aumentam cada vez mais o número de atividades extra-curriculares no calendário escolar.

Mesmo que o seu filho não tenha talento para as artes, aliar os estudos com passeios culturais é uma maneira divertida de entreter e, ao mesmo tempo, elevar o índice de conhecimento da criança. Dessa forma, ela tem a possibilidade de ganhar destaque entre os colegas de classe e, futuramente, ainda pode se dar bem na disputa por um emprego. “Preparar a sensibilidade da criança para a sua história faz com que ela se torne, no futuro, um ser completo”, diz Silvia Antibas, coordenadora da unidade da Secretaria de Estado da Cultura de preservação do patrimônio dos museus.

No Colégio Domus Sapientiae, por exemplo, a cada mês acontece uma saída cultural, sempre vinculada ao conteúdo apresentado aos alunos durante as aulas. De acordo com Tânia Queiroz, coordenadora-geral da escola, a visita aos museus estimula a observação. “Eles vivenciam a arte, localizam o conceito do mundo por meio do significado e deixam a postura passiva de ouvinte, encarando a posição de sujeito”, explica.

“Acho muito legal esse tipo de passeio. Você acaba conhecendo várias esculturas esquisitas. A gente aprende ainda mais do que na sala de aula”, garante o estudante Rafael Zuolo, de 9 anos. Para a aluna Renata Yamazaki, de 10, que acabou de visitar o Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque do Ibirapuera, Zona Sul, a atividade também é uma forma de interagir com os colegas. “Gosto de ir porque, além de aprender, me divirto com as minhas amigas.”

E não pense que, na hora de escolher entre uma atividade cultural e um passeio ao parque de diversões, a garotada opta pelo lazer. Segundo a coordenadora Tânia, os alunos aderem com mais facilidade às saídas culturais. “Percebo que eles se sentem estimulados a desenvolver os seus potenciais, pois trocam idéias, criam afinidades nos grupos de trabalho e ficam incentivados a produzir. Quando vão ao parque, eles não têm a oportunidade de observar o inédito”, revela.

Atenção dos pais

O incentivo dos pais é uma das atitudes mais importantes para que esse passeio vire algo positivo. Vidrados no mundo virtual, é cada vez mais difícil convencer os filhos sobre a importância de conhecer um pouco mais sobre a história do Brasil, descobrir informações preciosas sobre os mistérios da ciência, sem contar a possibilidade mágica de passar horas diante de objetos de arte que prendem a atenção e estimulam a imaginação.

“Os pais valorizam esses passeios. Quando os alunos voltam para suas casas, é necessário que ocorra uma troca entre a criança, o pai e a mãe. O aprendizado continua no lar”, ensina Sandra Regina Manso, orientadora educacional do Colégio Montessori Santa Teresinha. Nessa instituição, durante o passeio, os estudantes levam blocos de anotações e, após a atividade cultural, como lição de casa, desenvolvem uma produção de texto relatando tudo o que foi visto.

Professor também tem vez

Além dos pais, os professores também devem estar atentos aos cuidados com seus alunos. “Nas escolas públicas, antes da visita dos estudantes aos museus, treinamos os professores, fazendo com que eles entrem em contato com o acervo de obras. Só depois disto é agendado o passeio com as crianças. Assim, os mestres têm uma base maior”, explica Silvia.

O Instituto Arte na Escola é uma das ONGs que se preocupam com os educadores e têm como missão qualificar o ensino da arte partindo do princípio de que qualquer movimento artístico desenvolve no aluno a formação da consciência crítica. A partir daí, a entidade sensibiliza e engaja as redes públicas de ensino em torno da educação com qualidade através da arte.

Por isso, até o dia 29, a ONG receberá inscrições para o IV Prêmio Arte na Escola Cidadã, uma iniciativa que valoriza a prática pedagógica de arte e apresenta projetos que promovem a ampliação do repertório de arte e cidadania. O regulamento pode ser encontrado no site www.artenaescola.org.br.