Eclusa torna Tietê navegável e facilita limpeza

O Estado de S. Paulo - Quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

qua, 21/01/2004 - 9h59 | Do Portal do Governo

Obra inaugurada ontem na Marginal acaba com a retirada de detritos por caminhões

ANA PAULA SCINOCCA

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) inaugurou ontem, em São Paulo, a primeira eclusa do Tietê em perímetro urbano. A obra integra o programa estadual de combate às enchentes. Com essa construção, será possível retirar com embarcações detritos e materiais que se acumulam no leito do rio. ‘Com a eclusa e um desvio de 3,20 metros, não vai mais precisar fazer isso (limpeza) pela Marginal, usando caminhões’, comentou o governador. De cada área da eclusa, podem ser retirados 300 toneladas de lixo, o equivalente a 20 caminhões.

Com a obra, ainda será possível a navegação pelo Tietê entre a Barragem Edgar de Souza, em Santana de Parnaíba, e Barragem da Penha, em um trajeto de 40 quilômetros. Em uma segunda fase, com prazo ainda não estipulado pelo governo, o percurso poderá ser utilizado também para transporte de cargas e até de passageiros. ‘Alguém que more na Penha, por exemplo, e queira deslocar-se até Barueri, poderá fazer isso por barco’, garantiu Alckmin.

Segundo informações do governo paulista, os investimentos no programa de combate às enchentes chegam a R$ 731 milhões, dos quais R$ 537 milhões são de financiamento junto ao Japan Bank for International Cooperation (JBIC). Outros R$ 194 milhões cabem ao Tesouro do Estado.

A eclusa inaugurada ontem tem 122 metros de comprimento, 12 metros de largura e 10 metros de altura. ‘É um elevador de águas, que permite vencer um desnível de 3,20 metros que separa as águas do Tietê – por causa da barragem móvel – na altura do Cebolão’, afirmou o secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce.

O governador também anunciou que dos dois lados da Marginal, entre a Penha e o Cebolão, haverá 24,8 quilômetros de jardim. Além da eclusa, dois carregadores de fundo para controle das águas foram entregues por Alckmin.

Esgoto – Ele garantiu também que a despoluição do Tietê, iniciada há dois anos, será concluída em 2006. A obra está orçada em R$ 1,2 bilhão – sendo 50% provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 25% do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros 25% da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp_.

De acordo com o governador, o esgoto coletado é levado para as cinco estações de tratamento de esgoto – todas prontas – da região metropolitana.

‘O Rio Pinheiros, que hoje tem 0% de oxigênio, vai melhorar muito. Em dois anos, já poderá ter um nível bem razoável’, comentou, explicando que o Tietê melhorará menos que o Pinheiros, por causa do Tamanduateí (afluente do Tietê).

‘A grande poluição é do Tamanduateí, que vem com uma carga muito alta de esgoto do ABC’, lamentou Alckmin, destacando que falta tratamento nos municípios do ABC. ‘Mas agora vamos assumir São Bernardo do Campo’, afirmou.

A estimativa do governo paulista é de que, com a obra, a capital, que hoje tem 77% de esgoto tratado, terá 87%. ‘E o coletado ficará acima de 90%’, garantiu.

Flotação – O governador disse ainda que espera para os próximos dias uma decisão favorável da Justiça, que deverá autorizar a aplicação do processo de flotação no Rio Pinheiros. ‘Estou muito confiante em uma decisão favorável para fazermos uma experiência. Aí, será uma beleza.’

O uso do sistema no Pinheiros está proibido desde julho, por decisão do juiz Edson Ferreira da Silva, da 13ª Vara da Fazenda Pública. A sentença considera que a flotação no local implica o bombeamento de águas poluídas do rio para o sistema Billings, que abastece a cidade de água potável.