Eclusa no Tietê fica pronta em outubro

O Estado de S. Paulo - 22/7/2003

ter, 22/07/2003 - 9h19 | Do Portal do Governo

Alexandra Penhalver


O Estado de S. Paulo – Terça-feira, 22 de julho de 2003

Construção no Cebolão vai permitir navegação depois de conclusão das obras, no ano que vem

Depois de breve viagem de barco nas águas escuras e poluídas do Tietê para vistoriar as obras de aprofundamento da calha do rio na capital, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que a eclusa no Cebolão, que vai permitir a navegação de Santana de Parnaíba à barragem da Penha, ficará pronta em outubro. ‘Vamos ter uma hidrovia. O material retirado do rio, que é de 450 mil metros cúbicos por ano, deixará de circular em caminhões nas marginais.’

Mas as embarcações com os detritos retirados do rio só poderão navegar no trecho de 24,5 quilômetros no Tietê, entre o Cebolão e a Barragem da Penha, após a conclusão das obras, em agosto do ano que vem. Circulam por mês nas Marginais do Tietê e do Pinheiros cerca de 12 mil caminhões.

Otimista após uma hora de passeio – do canteiro de obras, no km 6 da Marginal do Pinheiros, até a Ponte dos Remédios -, o governador disse que pensa em transportar passageiros pelo rio. Isso apesar da poluição e do lixo boiando na água. ‘O transporte de carga ou de passageiros está sendo estudado pela Secretaria dos Transportes. É viável sob ponto de vista da navegação. Vamos avaliar a viabilidade econômica.’

Cerca de 50% das obras da segunda fase do rebaixamento da calha do Tietê, iniciadas em abril do ano passado, já foram realizadas. De acordo com o governador, a capacidade de vazão do rio será ampliada de 640 para 1.040 metros cúbicos por segundo.

Para Alckmin, não é possível comparar o Rio Tietê aos Rios Tâmisa (Londres) e Sena (Paris). ‘O Tâmisa e o Sena estão muito perto da sua foz e do mar e têm muita água’, disse o governador. ‘Já o Tietê, aqui na capital, está perto da nascente (Salesópolis) e tem pouca água. São 10 metros cúbicos por segundo de água e 50 metros cúbicos por segundo de esgoto.’

Despoluição – Segundo o secretário de Energia e Recursos Hídricos, Mauro Arce, o rebaixamento da calha e a despoluição são obras diferentes. E o Estado precisa que os governos municipais efetuem a coleta de esgoto para ajudar a despoluição do Tietê e do Pinheiros. Hoje, a água viscosa exala cheiro forte e, em alguns pontos, faz espuma. ‘O esforço de despoluição depende de três agentes: da Sabesp, que triplicou o tratamento nas cidades onde atua nos últimos oito anos, das prefeituras do ABC, que precisam coletar o esgoto e ligar no coletor tronco, e de Guarulhos, que não faz o tratamento’, disse Arce. ‘Também é fundamentar trabalhar com a educação ambiental para acabar com a poluição difusa (lixo jogado no rio).’

Segundo o secretário, o governador Mário Covas finalizou as estações de tratamento de esgoto de Barueri, na zona oeste, Parque Novo Mundo, zona norte, São Miguel Paulista, zona leste e Heliópolis, zona sul. ‘As estações estão ociosas e estamos fazendo obras de R$ 1 bilhão (convênio com o BID) para coletar o esgoto de 400 mil casas’, disse Arce. ‘O Tietê é o grande ralo da cidade por que recebe água de rios como o Tamanduateí, Aricanduva.’

A segunda fase da obra de rebaixamento da calha do Rio Tietê custará R$ 688,3 milhões, sendo que 75% são financiados pelo Japan Bank of International Coorperation. O porcentual restante corresponde à contrapartida do Estado.