Da Folha de S.Paulo
Aos 58 anos de idade, a FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) começa a fazer seu primeiro projeto para a Cidade Universitária da USP. A estréia ocorre com a proposta de reforma e ampliação dos prédios da ECA (Escola de Comunicações e Artes), cujo estudo preliminar já está finalizado.
O trabalho teve início após uma solicitação da direção da ECA, que afirma ter um espaço insuficiente e, além disso, fragmentado. A escola é dividida em blocos separados.
“Foi a primeira vez que a FAU foi convocada para pensar a arquitetura na USP”, afirmou o diretor da faculdade, Sylvio Barros Sawaya.
Até então, a participação da FAU no campus (localizado na zona oeste de SP) era restrita ao trabalho isolado de professores em alguns projetos, incluindo a própria sede da faculdade.
Desta vez, um grupo de docentes e de alunos da faculdade desenvolveram o estudo preliminar -a participação da unidade deverá ser ampliada até a finalização da proposta, que poderá culminar com a criação de um laboratório de projetos.
Segundo Sawaya, o regime militar instituído em 1964 no país foi o principal motivo para que a FAU não tivesse participado na arquitetura da USP.
“Os arquitetos eram considerados perigosos. E eles [os militares] não desejavam a criação de espaços de convivência, de pontos de encontro”, afirmou.
Puxadinho
O diretor da ECA, Luís Milanesi, afirmou que pediu o trabalho à FAU por ter se “cansado de improvisações”.
“A ECA está improvisada desde sua criação. O prédio sede, por exemplo, era um anexo da reitoria, não foi feito par abrigar a escola”, declarou.
Além disso, Milanesi afirma que o atual espaço está saturado, o que impossibilita a abertura de novas vagas. A ECA possui 2.054 estudantes na graduação e 560 na pós.
O projeto prevê a interligação dos sete blocos por meio de passarelas e uma cobertura transparente. Além disso, os blocos também serão ampliados. O estudo preliminar prevê que a área da escola passará dos atuais 17 mil m2 para 42 mil m2.
Na parte térrea, está previsto um vão, onde deverão se instalar espaços de convivência para a comunidade da USP.
O custo da obra deverá passar dos R$ 30 milhões. Milanesi afirma que busca auxílio da iniciativa privada para o projeto -o orçamento anual da ECA é de R$ 1,5 milhão. Apenas para a segunda fase dos estudos, que deverá contar com quatro equipes da FAU, serão necessários R$ 1 milhão. Não há previsão para o início das obras.
O centro acadêmico da ECA é contra o projeto. “Alunos e funcionários não foram consultados. A ampliação é importante, mas é preciso ver se a opção adotada no projeto é realmente a melhor”, declarou o diretor do CA Fábio Brandt.
Após a escola de comunicação, a idéia de solicitar projeto de reforma à FAU já foi seguida pela Faculdade de Educação e pela Faculdade de Farmácia.
