Duas décadas de muita saúde

Correio Popular - Segunda-feira, 17 de outubro de 2005

seg, 17/10/2005 - 11h09 | Do Portal do Governo

Luiz Roberto Barradas Barata

Seis milhões de pessoas é a população estimada das cidades da região de Campinas, que se vale do Hospital das Clínicas, da Unicamp, que completa 20 anos de existência.

Administrado por uma universidade conceituada e respeitada em todo o mundo, a Unicamp, o Hospital das Clínicas oferece serviços em 47 especialidades médicas, todos seus atendimentos são via Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, gratuitos. Por ano, são cerca de 115 mil pacientes atendidos, 15 mil cirurgias realizadas e 350 mil consultas. Chega aos 20 anos com fôlego de garoto, pronto para mais 20 anos.

Apesar de ser a principal porta de entrada do sistema de saúde da Região, o Hospital das Clínicas é uma unidade que integra a rede estadual e segue a hierarquização da assistência. Sua missão é oferecer assistência voltada a procedimentos de alta complexidade e de ações estratégicas. Tudo em acordo com a Direção Regional de Saúde (DIR), órgão da Secretaria de Estado da Saúde, e com os municípios, visando proporcionar um bom fluxo e atendimento hospitalar em nível terciário e quaternário.

No Hospital das Clínicas, formador de recursos de graduação, pós-graduação e extensão, com quadro de 3.600 pessoas entre funcionários e docentes, a humanização, a responsabilidade de uso do dinheiro público e a qualidade não ficam em segundo plano.

Entretanto, como praticamente todos os hospitais do Brasil, a unidade sofre com a baixa remuneração do Ministério da Saúde. A tabela do SUS é baixa e não cobre os custos dos procedimentos. É uma situação preocupante, que precisa de uma ação rápida e eficaz do governo federal.

O governo de São Paulo tem, insistentemente, solicitado que a tabela seja revista. Mais: o teto financeiro do Estado também precisa ser ampliado, para que os hospitais recebam mais verbas e, assim, possam atender a mais pessoas e garantir a qualidade de vida daqueles que mais precisam.

Em 2004, o Hospital das Clínicas de Campinas tomou uma atitude que à primeira vista poderia ser considerada restritiva. Mas, no fim das contas, tornou-se modelo para outros Hospitais de Ensino brasileiros. Acertadamente, de forma organizada e estruturada, a unidade regulamentou o atendimento aos pacientes.

Os casos simples, depois de orientados, passaram a ser atendidos pelas Unidades Básicas de Saúde, sob gestão das prefeituras locais. Ampliou o espaço para atendimentos de casos mais complexos, estes, sim, mais graves e que, com urgência, necessitam de atendimento no Hospital. O Hospital das Clínicas de São Paulo adotou o modelo de Campinas e, hoje, está mais aberto à sua verdadeira vocação, os casos graves.

O governo do Estado tem investido pesadamente no Hospital das Clínicas. No início do ano, a Secretaria de Estado da Saúde entregou 19 leitos de UTI à unidade, com investimento de cerca de R$ 2 milhões. A parceria entre Unicamp e Secretaria, por meio do Hospital Estadual de Sumaré, que muito contribui para o atendimento do Hospital das Clínicas, também deve ser lembrada.

O hospital de Sumaré, gerenciado pela universidade, foi o primeiro público do Brasil a receber certificado de acreditação nível 2 do Ministério da Saúde. E caminha a passos largos para o nível 3, o mais elevado.

Muito mais poderia ser lembrado sobre o Hospital das Clínicas de Campinas. Sua alta competência em transplantes, a qualidade nos procedimentos cardíacos, a correta distribuição de medicamentos e o carinho com que os pacientes são tratados. Mas é hora de pensar no que vem pela frente. Nos próximos 20 anos.

Há muito a ser feito, claro. E isso é preocupação constante da direção do hospital, da universidade e do governo estadual, que estuda a possibilidade de auxiliar o hospital, este ano, para modernizar suas instalações de Centro Cirúrgico, com novos instrumentais e a aquisição de novo equipamento de ultra-sonografia. Mas a expectativa é prever o aniversário de 40 anos do hospital, em 2025, como vem acontecendo neste ano: com muita celebração.

Luiz Roberto Barradas Barata é médico sanitarista e secretário de Estado da Saúde de São Paulo