Dos 5 cursos mais concorridos da USP, 4 têm alta de alunos da rede pública

Folha de S.Paulo - Sexta-feira, 6 de março de 2009

sex, 06/03/2009 - 9h14 | Do Portal do Governo

Folha de S.Paulo

Das cinco graduações mais concorridas da USP, quatro tiveram alta expressiva de aprovados em primeira chamada vindos da rede pública. A carreira com a nota de corte mais alta -para passar para a segunda fase, o candidato tinha que acertar 77 das 90 questões-, medicina e ciências médicas teve a proporção de alunos que fizeram o ensino médio em escola pública aumentada de 7,9%, no ano passado, para 24,6%.

Mas a maior participação de alunos vindos da rede pública, entre as cinco mais concorridas, foi no curso superior de audiovisual. A graduação recebeu da rede pública 42,8% dos ingressantes (15 das 35 vagas), contra 28,4% no ano passado.

As outras duas carreiras que receberam mais alunos da rede pública foram publicidade e propaganda e jornalismo. A exceção ficou por conta de relações internacionais, em que a participação desses estudantes se manteve, em 19,9%.

Nos últimos dias, a USP divulgou vários números para demonstrar a eficácia de seu programa de inclusão de alunos da rede pública, o Inclusp -que garante bônus de até 12% na Fuvest. Segundo a instituição, a USP teve, em 2009, alta de 16,5% no ingresso de alunos do ensino médio público.

“Temos investido, através do Inclusp, no aumento da diversidade socioeconômica e étnica, privilegiando o mérito acadêmico, e este programa, em seu terceiro ano de aplicação, tem mostrado grandes avanços nessa direção”, disse a reitora da universidade, Suely Vilela, em nota divulgada ontem.

Anteontem, a USP confirmou que manterá, neste ano, o Pasusp, um dos braços do Inclusp, independentemente da manutenção do convênio com o governo estadual. O Pasusp consiste em uma avaliação aplicada entre alunos do terceiro ano que pode render bônus de até 3% na nota da Fuvest. O programa esteve ameaçado no ano passado, quando o Estado disse que poderia limitar a aplicação da prova.

A Secretaria de Estado da Educação afirmou ontem que acha positivo que o acesso de alunos da rede pública à USP esteja subindo e diz que “aguarda comunicado da USP sobre os resultados para que seja avaliado o programa para este ano”.

“Com certeza, esses programas estão fazendo com que suba o número de alunos de escola pública que entram na USP”, afirma Augusta Aparecida Barbosa Pereira, coordenadora do Cursinho do XI, voltado para alunos de baixa renda.

Já Eunice Ribeiro Durham, do Núcleo de Políticas Públicas da USP, acredita que seria mais eficaz se instituições como USP, Unesp e Unicamp oferecessem cursinhos gratuitos, dados por alunos de licenciatura. “Todo mundo tem falhas no ensino médio, mas o aluno rico pode pagar por um cursinho.”

Para Cecilia Regina Bigattão, diretora da escola estadual Alberto Cardoso de Mello Neto, na zona norte de São Paulo, “o modelo do vestibular mudou muito nos últimos anos. Não é mais aquela prova em que precisa saber tudo de cor, então, o aluno da escola pública acaba tendo mais chance”.