Doença atacou 10 milhões de laranjeiras em 5 anos, em SP

O Estado de S. Paulo - 23/5/2002

qui, 23/05/2002 - 10h27 | Do Portal do Governo

Ela provoca o cancro cítrico, que só pode ser controlado com a derrubada das árvores

Nos últimos cinco anos, mais de 10 milhões de laranjeiras foram perdidas no Estado de São Paulo, causando um prejuízo de US$ 500 milhões aos agricultores. O motivo: cancro cítrico.

A doença ataca as laranjas, formando uma lesão, o cancro, na sua casca, o que as torna pouco apetitosas para o comércio, que é onde atingem seu melhor preço. Sobra a indústria de sucos, na qual o preço é mais baixo.

O maior problema, porém, é que o cancro cítrico não tem cura e só pode ser controlado com a derrubada das árvores. A bactéria Xanthomonas citri, que causa o cancro cítrico, não depende de um vetor (um inseto, por exemplo) para se alastrar – basta a ação da natureza, o vento e a chuva, ou do homem, que leva a bactéria inadvertidamente de um lado para outro.

Atacada pela doença, a árvore passa a produzir até 50% menos. Como não há meios de impedir sua proliferação, o pomar precisa ser erradicado. O produtor que não fizer isso corre o risco de ser processado por seu vizinho, caso a área também seja contaminada.

‘A doença não mata a planta, mas economicamente é terrível’, diz Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Cítricos (ABCitrus). ‘A única solução é a prevenção.’

É aí que entra a importância do estudo genético da bactéria. O custo de proteção dos laranjais chega a 52% do total da produção, afirma Garcia, citando dados do Instituto de Economia Agrícola. Para saber o impacto econômico, basta fazer alguns cálculos.

A laranja é o segundo item de exportação de São Paulo, atrás apenas da Embraer, e garante 400 mil empregos, com um faturamento de US$ 1,2 bilhões por ano. O Estado é responsável por 26% da produção de laranja e 50% do suco concentrado consumido no mundo inteiro. Tirando-se os Estados Unidos, que produzem a consomem sua própria fruta, oito entre cada dez copos de suco bebidos globamente têm a marca ‘made in Brazil’.

Laura Knapp