Doação de Sangue: Você pode salvar até 4 vidas

Jornal da Tarde - Terça-feira, dia 26 de dezembro de 2006

ter, 26/12/2006 - 11h59 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

Nesta época do ano , os doadores somem e os estoques da Fundação Pró-Sangue caem 30%

DINA AMENDOLA, dina.amendola@grupoestado.com.br

Antonio da Silva, 40 anos, metalúrgico, casado, tem duas filhas e mora na zona leste da cidade. Cidadão brasileiro, como tantos outros, que trabalha e paga seus impostos, ele chama a atenção por um raro exercício de cidadania: de dois em dois meses ele doa sangue na Fundação Pró-Sangue do Hospital das Clínicas. “Tinha 25 anos de idade quando fiz minha primeira doação, e virou uma rotina”, diz. Até agora, Antonio já repetiu esse gesto nada mais nada menos do que 86 vezes.

“Faço isso para ajudar ao próximo, é dando que se recebe e eu sinto o maior prazer em poder às vezes garantir um pouco mais de vida para as pessoas doentes e que necessitam de transfusão de sangue para sobreviver ‘, diz Antonio.

O senso de solidariedade desse metalúrgico não pára aí. Antonio também faz questão de doar plaquetas para quem não tem número suficiente _ e faz isso pelo menos duas vezes ao ano. Nesse caso o processo da doação é mais complexo e demorado: o doador fica deitado em uma máquina, que separa o número de plaquetas necessárias para o paciente que está recebendo o sangue. As que sobram voltam para o organismo do doador. Para provar que quem puxa aos seus não degenera, Kelly, sua filha de 18 anos, seguiu os passos do pai : já freqüenta a Fundação Pró Sangue, onde fez doação duas vezes neste ano.

Hoje, a Pró-Sangue está com o estoque de sangue bom, para 6 dias. Mas a chegada do final de ano, das férias escolares e do ano novo, sempre há uma queda, sem falar que o número de acidentes aumentam e a demanda por sangue cresce. Para se ter uma idéia, no fim do ano passado, o estoque no período de festas teve uma queda de 30%.

A Fundação Pró-Sangue coleta e processa mensalmente cerca de 15 mil bolsas de sangue, para 128 hospitais da cidade é um dos maiores Hemocentros da América Latina. O volume de sangue coletado equivale a aproximadamente 43% do sangue consumido na região metropolitana de São Paulo, 24% do Estado e 7% do Brasil.

No ano de 2005 foram coletadas 176.493 bolsas de sangue na fundação Pró-Sangue. Mas doar sangue ainda não é um costume espontâneo do brasileiro. Segundo os médicos, o medo, a ignorância e a desinformação afastam as pessoas dos bancos de sangue. Menos de 2% da população doa sangue anualmente no Brasil. Mitos e tabus colaboram para afastar muitas pessoas dos postos de coleta. Não é verdade que quem doa sangue uma vez tem que continuar doando pelo resto da vida, nem que a doação engrossa o sangue, entupindo as veias.

Também é mentira que a doação faz o sangue afinar, virar água, provocando anemia, ou que doar sangue engorda. E atenção: os doadores não correm risco de contaminação.Todo material utilizado na coleta do sangue é descartável, o que elimina qualquer risco de contaminação para o doador.

O sangue de cada bolsa coletada é fracionado em plasma, hemácias ou glóbulos vermelhos, crioprecipitado e plaquetas. O plasma é usado em pacientes com problemas de coagulação; o concentrado de hemácias ou glóbulos vermelhos é utilizado no tratamento de anemia. O crioprecipitado é usado no tratamento de coagulopatias e as plaquetas nos casos de hemorragia ou em concomitância com quimioterapia nos pacientes oncológicos.

Para segurança dos pacientes, o sangue doado é submetido a uma bateria de exames. Dependendo dos resultados, a bolsa será descartada. No Brasil, cerca de 15% dos candidatos à doação vinculada são rejeitados na triagem sorológica.