Doação de órgãos cresce 29% em SP

O Estado de São Paulo, 12 de julho de 2008

sáb, 12/07/2008 - 15h11 | Do Portal do Governo

O número de doadores de órgãos cresceu 29,3% no Estado de São Paulo no primeiro semestre, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Foi o maior aumento desde 2005. De janeiro a junho, realizaram-se 213 doações. Em 2007, foram 167. São Paulo aproxima-se dos números de 2004, quando foram feitas 432 doações em todo o ano, melhor resultado obtido até agora. Os dados foram compilados pela Secretaria de Estado da Saúde.

Veja os números nacionais de transplantes desde 2001

O coordenador da Central de Transplantes da secretaria, Luiz Augusto Pereira, aponta dois fatores para o crescimento. “Por um lado, as pessoas estão mais conscientes da importância da doação de órgãos”, afirma o médico. “Por outro, estamos formando equipes para encontrar doadores.” Desde o segundo semestre de 2006, a secretaria oferece cursos gratuitos de imersão para profissionais de saúde, tanto da rede pública como da privada. Eles aprendem a diagnosticar morte cerebral, a dialogar com a família do doador e a manter os órgãos em condições para o transplante. “Até agora, 300 profissionais já foram formados.”

Segundo Pereira, a Central de Transplantes recebeu 1.088 notificações de morte encefálica no período. Ele explica que 402 possíveis doadores sofreram parada cardíaca antes da equipe de transplante chegar (o que inviabiliza a doação). “Em média, metade das famílias aceita doar os órgãos. Com equipes atentas e bem treinadas, poderíamos conseguir mais 200 doações”, pondera o médico.

O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Valter Garcia, comemorou o resultado. “Esperávamos um crescimento de 10% no número de doadores para cada milhão de habitantes”, afirma. “O Estado está cumprindo a meta.”

Para José Camargo, diretor do Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre, único centro especializado em transplantes na América Latina, o Brasil ainda está longe dos países desenvolvidos. “Segundo a Organização Mundial da Saúde, todos os anos, há 70 casos de morte encefálica para cada milhão de habitantes no País”, aponta Camargo. “Apenas dez tornam-se doadores.” Ele cita como modelo a Espanha, onde há 35 diagnósticos anuais de morte cerebral para cada milhão de habitantes. “Lá, não existe lista de espera para transplante”, diz.

O Estado de São Paulo

C.C.