A partir da próxima semana, famílias que vivem em 42 cortiços da Cidade passarão a morar em um condomínio da CDHU com 524 apartamentos , onde todas as tomadas dão acesso à internet e TV a cabo. Sem contar os 16 computadores no hall de entrada. E o melhor de tudo: a prestação será de só R$ 117 por mês
Gilberto Amendola
A família Anchieta está de mudança. Andrea, Anderson, Tamires, Gabriel e o pequeno Ícaro irão deixar o cortiço onde vivem para trás. A partir da próxima semana, eles passarão a viver em um prédio hi-tech. Em cada tomada de sua nova residência será possível se conectar à internet – fora os 16 computadores com livre acesso que estarão à disposição no hall de entrada.
Tem mais: o novo endereço da família Anchieta, na Mooca (Rua Barão de Tietê, esquina com a Rua Dr. Foom), fica pertinho de uma estação de metrô, supermercados, um shopping, condução para diversos pontos da cidade e outras facilidades.
Por tudo isso, Anderson, o chefe da família, vai pagar uma prestação de R$ 117 por mês, ao longo dos próximos 25 anos. O que parece sonho é a realidade dos novos moradores do primeiro conjunto habitacional brasileiro dotado de tecnologia inteligente.
Nessa primeira fase, foram entregues 268 apartamentos (no total, serão 524), com 60 metros quadrados de área construída, dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. O conjunto vai funcionar com uma tecnologia inédita na América Latina, o sistema Power Line Comunications PLC.
O PLC representa o uso da rede elétrica tradicional para a transmissões de sinais eletrônicos. Com isso, os moradores dos prédios poderão ter acesso a Internet, TV a cabo e sistema telefônico por meio de qualquer tomada do apartamento. A expectativa é que esse sistema torne acessível assinaturas de pacotes coletivos de banda larga.
Além disso, essa tecnologia permite a medição eletrônica e individual do consumo de água, luz e gás (o que não acontece em outros prédios da CDHU). Através da internet, os moradores também poderão acompanhar quanto estão gastando. Segundo o Governo do Estado, esse sistema também irá diminuir o valor das contas de água em até 34%. Em todo o projeto foram gastos R$ 13 milhões.
Todos os que vão morar nesse conjunto habitacional são oriundos de 42 cortiços da Cidade – localizados em bairros como Barra Funda, Bom Retiro, Santa Cecília, Bela Vista, Brás, Mooca, Belém e Luz. Assim que as 270 famílias se mudarem, esses cortiços passaram por uma série de reformas. ‘Para a gente, é vantagem. Nos cortiços, tinha família pagando R$ 200 por mês’, contou Anderson Carlos Anchieta, 34 anos.
O lançamento do empreendimento contou com a participação do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra. Além de uma série de vereadores e deputados com base eleitoral no bairro da Mooca. Alckmin e Serra foram recepcionados ao som de Verde e Amarelo, música ufanista de Roberto Carlos. A tradicional sessão ‘beija-mão’ durou mais do que o habitual.
O tom de campanha política era tão forte que o futuro morador Maurício Carlos Donine, 52 anos, perguntava: ‘Qual dos dois é candidato a presidente?’.
