Direto para a recuperação

Veja São Paulo - Domingo, 17 de fevereiro de 2008

seg, 18/02/2008 - 18h41 | Do Portal do Governo

Veja São Paulo

Numa escala de zero a 10, os alunos da rede estadual paulista obtêm média 3,3 em matemática e 6 em português. Isso ao final do ensino fundamental, ou seja, depois de oito ou nove anos de estudos. Tais notas referem-se ao Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2005, cujo resultado foi divulgado em dezembro do ano passado. Trata-se de uma prova de leitura e outra de aritmética aplicadas a 2 milhões dos 5,5 milhões de estudantes da rede. Cada escola recebe um relatório com o desempenho de seus alunos. O objetivo é que professores e diretores avaliem a necessidade de mudanças pedagógicas. Diante das notas baixas, a Secretaria Estadual de Educação tomou uma medida radical: nos primeiros 42 dias de aula – que começam nesta segunda (18) – haverá apenas revisão de conteúdos básicos, que todos deveriam dominar, para os estudantes a partir da 5ª série. A ênfase será nas disciplinas de português e matemática. Terminada essa fase de recuperação, quem ainda apresentar dificuldades continuará tendo aulas de reforço, mas sem deixar de acompanhar o restante da turma nas novas lições.

Em algumas escolas da rede pública, a recuperação já é empregada. A partir deste ano, no entanto, professores e alunos receberão material didático específico para auxiliá-los na tarefa de repassar as matérias nas quais tiveram problemas. São livros com exercícios e textos elaborados por uma equipe que, na década de 90, esteve envolvida na reforma dos Parâmetros Curriculares Nacionais. “A recuperação sistemática vai fazer a progressão continuada funcionar”, acredita a secretária estadual de Educação, Maria Helena Guimarães de Castro. Em São Paulo, os alunos só podem repetir a série ao final do 4º ou do 8º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio – não há reprovação nas séries iniciais ou intermediárias, exceto por faltas.

Outra novidade é que os professores vão receber bônus de até três salários caso as notas de seus alunos melhorem de um ano para o outro. Antes, esse prêmio era atrelado apenas à assiduidade. Algumas mudanças são tão triviais que custa acreditar que ainda não estejam disseminadas nos colégios públicos. Haverá provas bimestrais, boletim informatizado e avaliação do aluno com notas entre zero e 10. “Conheci escolas cuja avaliação variava de Opa! a Eba!”, conta Maria Helena. “Para o ensino público progredir, falta o feijão-com-arroz.”

(M.S.)