Diferenças no ensino público

Jornal da Tarde - Terça-feira, 6 de março de 2007

ter, 06/03/2007 - 10h44 | Do Portal do Governo

Do Jornal da Tarde

As escolas técnicas da rede pública de ensino mostram excelência e estão entre as melhores tanto na avaliação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2006 como na aprovação de alunos no vestibular da Universidade de São Paulo (USP) nos últimos anos. Esses resultados levantam a questão: por que essas escolas públicas têm uma avaliação melhor que as escolas estaduais e municipais do Estado?

Para o professor Almério Melquíades de Araújo, responsável pela Coordenadoria de Ensino Técnico de São Paulo, o Centro Paula Souza, o tamanho da rede pública influencia no resultado. ‘Temos 130 Escolas Técnicas Estaduais (ETEs) e é muito mais fácil administrar um sistema assim do que uma infinidade de escolas estaduais. E não é só isso: o aluno que nos procura quer algo além do Ensino Médio. Ele faz cinco aulas por dia das disciplinas básicas e à tarde freqüenta um profissionalizante, o que ajuda na sua formação profissional e também sociocultural.’

Chester Contatori, diretor do Cefet-SP, avalia como fundamental no bom desempenho das escolas técnicas a valorização dos professores e o desenvolvimento de projetos. ‘Temos o objetivo de desenvolver a capacidade do aluno, além da preocupação do vestibular. Entrar numa boa faculdade, para nós, está dentro de um processo de cidadania que aplicamos, mas não pode ser só essa a preocupação’, explica.

Salário

Os professores do Cefet têm melhoria no salário de acordo com a graduação. Quem possui mestrado ganha 25% mais; se tiver doutorado, 50%. ‘Isso é um incentivo, faz o professor correr atrás de especialização. Além do mais, quando temos palestras ou cursos fora da instituição, o Estado paga nossa condução e alimentação, também como forma de motivar’, declara Contatori.

Nas ETEs, segundo Araújo, o piso é igual ao das escolas estaduais, inicialmente. ‘Depois, com os bônus e tempo de casa, fica acima da média.’ Os professores das ETEs são contratados por CLT e ganham por hora/aula. ‘Mas ainda acho que nosso maior incentivo é ver nossos alunos conquistarem seu espaço’, completa o professor.

PARA MELHORAR O ENSINO

O professor Paulo Roberto Padilha, diretor pedagógico do Instituto Paulo Freire, cita três pontos que considera essenciais na hora de comparar as escolas públicas:

FORMAÇÃO

É necessário aprofundar a formação de professores. Eles devem ter mais condições para enfrentar o mercado de trabalho

FOCO

Reformular a forma de ensino nas escolas públicas, com viés na qualidade de vida

AVALIAÇÃO

O MEC deveria levar em conta as diferentes formas de ensino das instituições públicas