Jornal Nacional
Cinco pessoas foram presas nesta quinta em São Paulo, suspeitas de fraudes na rede pública de saúde. A Operação Parasitas foi centrada em licitações para a compra de produtos hospitalares.
A polícia foi buscar em casa os cinco acusados de fazer parte da quadrilha que, segundo a investigação, deu um prejuízo de R$ 100 milhões para a saúde pública nos últimos dois anos.
Renato Pereira Júnior, preso nesta quinta, é apontado como um dos idealizadores das fraudes contra hospitais no interior de São Paulo e em outros estados.
Outro empresário preso mora num condomínio da Zona Sul. Dirceu Gonçalves Ferreira Jr. é dono de várias empresas, que fornecem produtos hospitalares principalmente para a cidade de São Paulo.
Uma funcionária de Dirceu também foi presa, acusada de manipular diretamente as licitações. Numa das conversas gravadas, ela fala sobre pregão com o representante de um hospital. O pregão é o momento em que os fornecedores são escolhidos. Eles se identificam por códigos que deveriam ser secretos.
Representante do hospital: “Me liga quando tiver andando o pregão e me avisa qual é o seu código”.
Funcionária da empresa: “Mas você vai estar lá, não é chato ligar no seu celular?”
Representante do hospital: “Pode ligar no meu celular, todo mundo liga no meu celular. Liga e me avisa quem é você, qual o seu número”.
Funcionária da empresa: “Beleza.”
Segundo a polícia, além de manipular os pregões, Dirceu entregava menos mercadorias ou materiais de qualidade inferior ao que havia sido contratado.
“Os criminosos não tinham o menor escrúpulo. Forneciam materiais, insumos de péssima qualidade para o serviço que o estado presta na área de saúde”, disse o delegado Luís Storni.
A investigação demonstrou que o esquema só dava certo porque tinha a participação de servidores públicos. Mais de dez estão sendo investigados. Até agora, foram identificados 21 hospitais que teriam sido lesados pelas 11 empresas sob suspeita.
O Perola Byton, em São Paulo, está entre os clientes do grupo. Em agosto do ano passado, o hospital precisava de soro injetável em bolsas. Segundo a investigação, as seis empresas que se inscreveram eram ligadas ao mesmo grupo, o de Dirceu. Cinco não foram até o final.
Restou apenas a que oferecia o produto mais caro e o hospital acabou pagando pelo soro 309% a mais em relação ao menor preço.
O juiz que determinou as prisões desta quinta viu indícios de enriquecimento ilícito. Por isso, mandou bloquear as contas e apreender os bens dos acusados.
Numa das conversas gravadas, Renato, um dos presos, pediu que a ex-mulher parasse de falar por telefone sobre negócios. Ele temia o pior:
“Fica falando bastante as coisas no telefone, até a hora que a gente for preso e pegarem tudo, entendeu? Continua falando, vai!”.