Jornal da Tarde
O Museu da Língua Portuguesa abrirá até as 22h às terças. Quem quer cultura após o trabalho agradece
O Ministério da Previdência Social revelou recentemente que o maior aumento, em cinco anos, de ocorrências registradas pelo INSS são nos chamados transtornos mentais relacionados ao trabalho. A Cidade não pára, seus moradores também não. Já que largar o trabalho é um luxo que poucos possuem, um bom começo para desestressar pode ser alterar a rotina, acrescentando ao trajeto trabalho-casa-trabalho novos passeios.
A vida cultural pós as 18h existe, o que poucos sabem. Que tal, por exemplo, sair do trabalho e conhecer algo mais sobre vida e obra da escritora Clarice Lispector? O Museu da Língua Portuguesa, que traz essa e outras atrações, anunciou que, a partir de hoje, ficará aberto até as 22h todas as últimas terças do mês. De acordo com o diretor do Museu, Antonio Carlos Sartini, a decisão foi feita com base em pedidos feitos pelo público, como alunos de escolas com cursos noturnos e gente que freqüenta a Capital apenas em seminários ou congressos, eventos que geralmente acontecem durante a semana. ‘Acho que, com essa expansão, conseguiremos ampliar o acesso do público ao museu. Eu tenho quase certeza de que o resultado vai ser positivo, porque São Paulo não pára um minuto’, contou o diretor, acrescentando que, se a experiência der certo, é possível que o museu amplie o número de dias abertos até mais tarde.
Se depender da estudante de publicidade Renata Moura, 22 anos, a excursão cultural noturna será positiva. Trabalhando e estudando de noite, Renata afirmou nunca ter ido ao Museu da Língua por falta de tempo. ‘Costumo ir mais ao cinema, por causa do horário, mas adoraria ir a uma exposição de vez em quando.’
O JT pesquisou mais cinco lugares que possuem atividades culturais – além dos já conhecidos cinemas da cidade – entre 19h e 22h. Para os que trabalham ou residem na região dos Jardins, o Centro da Cultura Judaica, que fica na rua Oscar Freire, tem sempre uma exposição em cartaz, que permanece aberta até às 21h. A atriz Dina Sfat é o tema da vez. Além disso, o projeto Cabaré Sipur conta com atrações mensais a partir das 20h30. O deste mês será na quinta-feira com show do humorista Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria. Tudo de graça.
A região central oferece duas opções: a Caixa Cultural, na Praça da Sé, e o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), entre as estações Sé e São Bento do Metrô. Até o final de setembro, duas exposições de fotografia e uma sobre a carreira de Elke Maravilha aguardam os visitantes que passarem em frente à Caixa, até às nove da noite. Já no CCBB, a mostra em cartaz, também gratuita, é sobre o escultor mineiro Aleijadinho. No mesmo espaço, acontecem shows de música a partir das 19h30, toda terça-feira.
Com cursos sobre temas variados, o Centro Universitário Maria Antonia, da USP, também região central, perto de várias universidades, guarda em seu espaço também exposições, como a que começa em duas semanas, que trará cinco mostras individuais de artistas iniciantes. Por fim, para a Vila Mariana e região Sul, o Centro Cultural São Paulo (CCSP), na estação Vergueiro do Metrô, tem atividades para todos os gostos, muitas gratuitas, a preços populares, e fica aberto até as 22h.
Mesmo com todos os espaços levantados pela reportagem, muitos outros, como a Pinacoteca e o Masp, funcionam apenas em horário comercial. Porém, o cenário está mudando e a decisão do Museu da Língua Portuguesa pode ter sido apenas a primeiro de uma ação que pode trazer seguidores, conforme confidencia ao JT o diretor do Museu. ‘Não vou citar nomes, mas eu sei que existem vários outros museus interessados nessa experiência. Seria ótimo para nós também’, afirma ele. Com exceção dos que moram ou trabalham longe do metrô, ninguém mais tem justificativas para dizer que a vida anda sem graça.
(SERVIÇO)
Museu da Língua Portuguesa 3326-0775;CCSP:3383-3402; CCBB: 3113-3651; Cultura Judaica: 3253-7052; Maria Antonia: 3255-7182; Caixa: 3321-4400
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