Depois da USP Leste, pode estar nascendo a USP Sul

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 1º de Novembro de 2004

seg, 01/11/2004 - 10h18 | Do Portal do Governo

Mesma equipe que estudou a viabilidade do novo campus volta a falar em expansão

Renata Cafardo

Do nascedouro do campus leste da Universidade de São Paulo (USP), surge mais uma. Em 2001, o então diretor da Fuvest, Roberto Costa, e equipe fizeram os primeiros estudos para o que era ainda uma distante possibilidade de expansão da maior universidade do País. As aulas da USP Leste serão iniciadas em fevereiro. ‘Agora, já começamos a fazer a campanha para a USP Sul’, disse Costa ao Estado.

O matemático, depois de oito anos, deixou a direção da entidade, mas continua como responsável pelo vestibular. Na entrevista a seguir, além do projeto ainda remoto de um novo campus, ele fala da queda sucessiva na concorrência da Fuvest e da assumida ‘não democratização’ do exame. ‘É uma prova que mede conteúdo e o critério é o mérito. Passa quem freqüentou as melhores escolas.’

Por que a relação candidato-vaga nos cursos da Fuvest tem caído a cada ano?

O jovem tem muito interesse pelas carreiras novas. Sempre que aparece uma, tem um afluxo de candidatos, aconteceu com Relações Internacionais e Engenharia Aeronáutica, por exemplo. Os alunos têm procurado alternativas porque o mercado mudou. Os candidatos não estão mais tão concentrados em algumas áreas, como Medicina, Engenharia e Direito. Além disso, o número de vagas na USP (passou de 8.927 no ano passado para 9.947 este ano) tem aumentado a cada ano e o número de candidatos se manteve (cerca de 150 mil).

Há alguma política na Fuvest para buscar mais candidatos, abrindo inscrições em outros Estados, por exemplo, como fez a Unicamp?

Não. O aluno que vem de fora demanda muito da USP, precisa de alojamento, alimentação e nosso serviço social já está no máximo. Já fizemos uma experiência com inscrições em Uberlândia e não deu certo. Só metade dos que passaram veio estudar aqui. Hoje, para a família, custa muito financiar os estudos em outra cidade, quando se tem uma universidade na esquina de casa. Só há 1% de mineiros entre os candidatos e é o Estado de onde vêm mais alunos, fora São Paulo.

Tem aumentado o número de jovens de baixa renda na Fuvest?

Não adianta, a localização geográfica determina muito na hora de prestar ou não Fuvest. Temos uma comparação entre Osasco e Guarulhos, duas cidades parecidas, mostrando que há 4 vezes mais candidatos de Osasco. A maior parte dos vestibulandos vem do espigão da Paulista, da Vila Mariana, do Jabaquara e de Pinheiros.

Então, não se pode dizer que está havendo uma democratização do vestibular, como pedem muitos movimentos sociais.

A Fuvest é uma prova que mede conteúdo e o critério é o mérito. Passa quem freqüentou as melhores escolas. Mas nessa história de democratização, prefiro me posicionar de outra maneira. Por exemplo, já começamos a fazer a campanha para a USP Sul. O primeiro projeto da USP Leste saiu daqui, fomos até a antiga estação de trem de Itaquera, tiramos umas fotos e fizemos um projeto. É claro que depois a idéia foi estendida para o governo do Estado. Nesse primeiro vestibular, a maioria dos candidatos da USP Leste vem da zona leste mesmo. Por isso, começamos a soprar na orelha do reitor a idéia da USP Sul. Precisamos achar um terreno bom, mas ainda não tivemos tempo.

A prova da Fuvest deste ano já está pronta?

O modelo está, só falta imprimir as 154 mil cópias. Gostei muito da prova, como gosto todo ano. O exame de português está belíssimo. Mas os vestibulandos podem ficar tranqüilos, não vamos provocar surpresa nenhuma.