Demanda mexe com estratégias de fornecedores

Valor Econômico - Quarta-feira, 11 de abril de 2007

qua, 11/04/2007 - 11h26 | Do Portal do Governo

Do Valor Econômico

Mais que levar o conteúdo do papel para a web, a maior parte dos fornecedores de tecnologia está de olho nos serviços relacionados à digitalização, como a oferta de recursos de busca e a autenticação eletrônica de documentos. “Hoje já temos tudo digitalizado. Agora a prioridade é dar validade jurídica ao material”, diz o coordenador de informática do Diário Oficial do Rio Grande do Sul, Arnaldo Amauri Rodrigues.

Esse interesse do setor público em reorganizar suas montanhas de papéis tem mexido com a estratégia de grandes e pequenas empresas especializadas em gestão e armazenamento de dados. A demanda cresceu a ponto de fazer com a multinacional EMC criasse, no início deste ano, uma diretoria específica para cuidar de projetos públicos. “O setor de governo será nosso maior comprador deste tipo de tecnologia”, diz o gerente de vendas da EMC, Eduardo Caetano. “As compras devem superar as empresas de telecom e os bancos”.

A mesma entonação é usada pelo gerente de armazenamento de dados da Sun Microsystems, Fabio Santos. A empresa, que já digitalizou pilhas de papéis dos Tribunais Regionais Federais, espera que o setor público atinja metade dos seus negócios com digitalização. “Há três anos, essa participação girava em torno de 15%”, diz Santos.

À caça de projetos, empresas como a americana Iron Montain e a australiana Recall – ambas com filiais no Brasil – têm pela frente concorrentes de menor porte, mas e altamente especializados, como as brasileiras Digifile, que fez o projeto do DO gaúcho; e a TCI, que prestou serviços para a Imprensa Oficial paulista. “Mostramos que não se trata de um projeto que só gera custo”, diz o diretor da TCI, Fábio Fischer. “Os diários eletrônicos acabam criando novos serviços.”

A Imprensa Oficial paulista levou a lição a sério. No momento, a instituição negocia com a Assembléia Legislativa de São Paulo para digitalizar seu acervo, iniciado em 1850. “A internet é um caminho sem volta”, diz Márcio Moreira, da Imprensa Oficial, emendando logo em seguida: “Mas é importante lembrar que nem passa pela nossa cabeça acabar com o papel.”

Assim também pensava o editor Hans Holm, enquanto dirigiu por 20 anos o dinamarquês “Post-och Inrikes Tidningar”, o jornal ativo mais antigo do mundo, fundado em 1645. Em dezembro do ano passado, a nova diretoria do periódico decidiu abolir o papel e transformá-lo apenas em uma publicação eletrônica. Holm foi conciso ao comentar a decisão: “Isso é um desastre cultural.” (AB)