Após um ano de negociações, Alckmin desapropria prédio de Taubaté para criar o Hospital Regional
José Roberto Amaral e José Carlos Júnior, de Taubaté
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou ontem no Palácio dos Bandeirantes o decreto de desapropriação do Hosic (Hospital Santa Isabel de Clínicas), de Taubaté, formalizando a criação do Hospital Regional do Vale do Paraíba.
O decreto será publicado hoje no Diário Oficial e amanhã o governador espera transferir a escritura do imóvel para o patrimônio do Estado.
Com previsão de ser integrado ao HU (Hospital Universitário) daqui a um ano, o Hosic passará a ser administrado pelo Hospital Bandeirantes, de São Paulo, que venceu a concorrência aberta pelo governo.
Foram pagos pelo imóvel e pelos equipamentos R$ 20,8 milhões, mas a direção do Hosic alega que a dívida da unidade chega a R$ 25 milhões. A situação pode gerar um impasse no processo de transferência.
Geraldo Alckmin disse ontem ao ValeParaibano que espera uma ‘solução amigável’, mas evitou detalhar a divergência de valores com a Irmandade de Misericórdia de Taubaté, que administra o hospital desde 1876.
Durante a solenidade, o governador chegou a agradecer à irmandade pelo empenho para a manutenção do hospital, que atravessa uma grave crise financeira e chegou a paralisar parte do atendimento.
MÁXIMO – ‘Esse valor (R$ 20,8 milhões) é o máximo que podemos pagar. No início da conversa, falou-se em uma dívida de R$ 8, R$ 9 milhões. Não estamos fazendo nenhum privilégio, mas justiça, pois o Vale era a única região que não tinha hospital regional’, disse Alckmin ao ValeParaibano.
A criação do Hospital Regional foi uma das principais promessas de campanha do governador, nascido em Pindamonhangaba, para o Vale do Paraíba.
De acordo com o governador tucano, o principal desafio será manter o hospital funcionando durante o processo de transferência. ‘Estamos passando o bastão durante a corrida. O importante é atender o povo, de maneira digna’.
O governador garantiu que todos os 700 funcionários serão mantidos, mas preferiu não falar sobre novos investimentos em equipamentos e na parte física do imóvel. ‘Ainda estamos dependendo de um estudo mais apurado. A primeira etapa foi cumprida’, afirmou o governador.
As negociações para a desapropriação duraram cerca de um ano. O governo chegou a estudar a possibilidade de construir um novo hospital.
A vereadora e administradora hospitalar do Hosic, Marilda Prado (PSDB), presente na solenidade, preferiu não falar sobre a divergência dos valores.
‘Ainda não li o decreto e qualquer opinião nesse sentido deve ser emitida pela irmandade’, afirmou. O provedor José Roberto dos Santos não retornou as ligações da reportagem para comentar o assunto.
EVENTO – O evento realizado no Palácio dos Bandeirantes reuniu cerca de 60 representantes do Vale do Paraíba, entre prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais.
O prefeito de Taubaté, José Bernardo Ortiz (PSDB), discursou durante a solenidade e disse que pode abrir mão de receitas na área de educação para investimentos na sáude.
‘Essa medida de desapropriação e reforma do hospital é uma batalha do Estado em prol da medicina social’, disse o prefeito.
A estimativa é que cerca de 20 mil pessoas sejam atendidas por mês no Hospital Regional.
Antes da assinatura do decreto que desapropriou o Hosic, Alckmin se reuniu com os prefeitos do Codivap (consórcio que reúne as prefeituras da região) e chegou a receber individualmente as reivindicações de alguns chefes de Executivo (leia texto nesta página).
Na avaliação do prefeito de Guaratinguetá, Francisco Carlos dos Santos (PSDB), a encampação do Hosic para criação do Hospital Regional foi o ‘melhor caminho’. ‘Teremos referências importantes em todo o Vale’, disse ele.
Segundo o deputado estadual Padre Afonso Lobato (PV), o governo atendeu uma antiga reivindicação do Vale. ‘Com o Hospital Regional vamos viver com mais qualidade de vida e saúde.’
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o Hospital Bandeirantes ficará responsável pela gestão do Hospital Regional, como contratação de médicos, enfermeiros e demais profissionais.
Caberá ao governo manter o quadro de funcionários existente e ampliar os serviços prestados pelo Hosic.
