DANTE PAZZANESE – Hospital destoa pela “identidade pública”

Folha de S. Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

dom, 26/08/2007 - 11h09 | Do Portal do Governo

Folha de S. Paulo

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O Dante Pazzanese sofreu oposição quando quis fundar um instituto especializado em doenças do coração vinculado ao serviço público -a praxe da época era pertencer a universidade. Mais de 50 anos depois, o hospital detém o marco de oferecer a primeira residência médica no país e o pioneirismo no uso do stent (pequena rede que impede a artéria de obstruir novamente) farmacológico.

Dos citados na pesquisa Datafolha na área de cardiologia, o Dante é o único financiado pelo setor público (leia-se o governo de SP e o SUS). E faz poucas cirurgias por convênio (dez por mês). “Somos 99,5% públicos. Não fazemos atendimento ambulatorial de convênio”, diz o cardiologista Leopoldo Piegas, diretor-geral do hospital.

Situado de frente para o parque Ibirapuera, o Dante tem 20 ambulatórios especializados e o serviço de emergência, que atendem a cerca de 18 mil pacientes por mês. Conta hoje com 280 leitos, mais 50 na UTI e 25 na unidade coronariana.

O hospital realiza cerca de 250 cirurgias cardiovasculares por mês, quando ocorrem 600 cateterismos diagnósticos e 155 terapêuticos. Mais de 210 corações já foram transplantados no centro cirúrgico, além de 400 rins. Neste mês, foi feito um transplante de fígado pela primeira vez no hospital. No ano, são 250 mil atendimentos.

“O Dante não tem a hotelaria de um hospital privado, mas o atendimento é de alto nível. E lá se faz pesquisa de ponta e ensino de qualidade”, afirma o cardiologista Eduardo de Sousa, o primeiro no mundo a colocar um stent coronariano.

O programa de residência em cardiologia e cirurgia cardiovascular foi adotado em 1959. Após virar associado da USP nos anos 90, o Dante oferece o curso de doutoramento de tecnologia em cardiologia.

Um diferencial do hospital é o serviço de bioengenharia, iniciado nos anos 60 pelo cardiologista Adib Jatene. Como havia dificuldade de obtenção de equipamento especializado, como marca-passos e válvulas cardíacas, foi montado um departamento para a fabricação interna dos produtos em falta. O setor ainda se mantém, conduzido por engenheiros, e os produtos são comercializados.

Neste ano, o Dante obteve o certificado de qualidade da Organização Nacional de Acreditação -é o primeiro hospital público do país especializado em cardiologia a recebê-lo.