Cultura, para ajudar Sapopemba

O Estado de S. Paulo - São Paulo - Domingo, 13 de fevereiro de 2005

seg, 14/02/2005 - 8h41 | Do Portal do Governo

Com investimentos de US$ 30 milhões, Estado pretende criar espaços culturais em nove distritos da capital

Rita de Cássia Loiola

Sapopemba é o segundo maior distrito da capital, com quase 300 mil habitantes. É também um dos dez bairros mais violentos da cidade, sem teatro, cinema, centro cultural e ou espaço artístico. Cruzando essas informações, moradores e poder público perceberam que o vazio cultural encontra eco na criminalidade. E decidiram reverter esse quadro até março de 2006.

Nessa data, Sapopemba receberá a Fábrica de Cultura, programa da Secretaria de Estado da Cultura que irá para mais oito distritos da cidade. O projeto da construção foi apresentado quinta-feira. Agora só falta o aval do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), um dos financiadores do programa, para dar início à construção dos dois prédios de quatro andares (cerca de 2.600 metros quadrados), que terão salas para atividades artísticas e culturais, cinemas, teatro para 250 pessoas, centro de documentação e biblioteca circulante com mil títulos, espaços para gravação de vídeos e salas de exposições.

INVESTIMENTO ALTO

O BID vai investir US$ 20 milhões na construção das nove unidades (Jardim São Luís, Capão Redondo, Brasilândia, Vila Nova Cachoeirinha, Jaçanã, Itaim Paulista, Vila Curuçá, Cidade Tiradentes e Sapopemba) e o governo do Estado, US$ 10 milhões.

Em Sapopemba, a unidade será construída em um terreno da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) de cerca de 4 mil metros quadrados. Ao redor, moram quase 20 mil pessoas. Grande parte nunca foi a um teatro. ‘Em 2002, uma pesquisa da Fundação Seade nos mostrou as áreas de São Paulo com maior vulnerabilidade juvenil’, explica o coordenador do programa, Wagner Antônio dos Santos. Coincidentemente, analisa, as áreas de vazios culturais batem com os locais mais vulneráveis. ‘A Fábrica é um modo de usar a cultura como ferramenta para diminuir a violência nos bairros escolhidos.’

E o programa vai além. A idéia é articular a rede de instituições sociais que já atuam nos bairros. Em cada distrito, 15 entidades terão o espaço físico reformado e seus profissionais capacitados para fazer a fábrica funcionar a todo vapor. Por isso, todas as etapas do programa são discutidas à exaustão com a comunidade. O mapeamento das instituições e as necessidades culturais de cada bairro estão sendo levantados. Até 15 de março, os relatórios estarão prontos. No ano que vem, Sapopemba e Cidade Tiradentes já verão os primeiros produtos da Fábrica de Cultura.