Cultura diversifica e faturamento cresce

Gazeta Mercantil - Quarta-feira, 7 de março de 2007

qua, 07/03/2007 - 12h32 | Do Portal do Governo

Da Gazeta Mercantil

Patrocínios, parcerias e licenciamentos ajudaram emissora de SP a faturar 155% mais em três anos. A receita própria da TV Cultura teve um salto de 155% em três anos e passou de R$ 14,2 milhões, em 2003, para R$ 36,2 millhões, em 2006. Esse resultado significou uma participação de 33% da receita própria da emissora. Em 2003 era 14%. Já, o que diz respeito à receita do governo, o valor líquido teve uma queda de 13%, passando de R$ 86,2 milhões, em 2003, para R$ 74,7 milhões, em 2006.

“Esses números são resultados de uma série de ações realizadas pela gestão atual da emissora”, afirma o presidente da Fundação Padre José Anchieta – Rádio e Televisão Cultura, Marcos Mendonça.

Entre as ações realizadas na gestão de Mendonça estão a economia e a otimização dos gastos. “Começamos a planejar adequadamente a execução dos projetos, um resultado disso, por exemplo, é o aumento da produção diária, que passou de três horas para 15 horas”, afirma.

Além disso, a emissora passou também a fazer prestação de serviços na produção e geração de programas para TV Justiça, TV Câmara entre outras. “Toda a campanha realizada nas eleições para o Tribunal Superior Eleitoral, a Vota Brasil, foi gerada pela TV Cultura”, diz o presidente. Essa prestação de serviço foi responsável por cerca de 30% da receita obtida pela emissora pública em 2006.

A produção própria de programas com patrocínio também foi um fator importante para o ganho de receita. “Sempre buscamos um parceiro para realizar um programa, esse é o nosso foco, muito mais do que a publicidade durante a programação”, conta Mendonça. Um exemplo citado pelo presidente é “Mar sem Fim”, que conta com o apoio da Semp Toshiba, responsável por toda a produção do programa. O apoio à produção tem, hoje, uma participação de 30% na receita líquida da emissora.

Há também a publicidade, responsável por 25% da receita; mas o principal filão descoberto recentemente pela emissora é o licenciamento. Mesmo com uma participação ainda pequena na receita líquida da emissora, 3%, esse segmento tem avançado muito nos negócios da fundação. A evolução dessa receita aumentou 769%, passando de R$ 152 mil, em 2003, para R$ 1,3 milhão, em 2006. Personagens como “A Turma do Cocoricó” são encontrados em cadernos, artigos para festa, ovos de Páscoa, DVD e jogos educativos.

Outros personagens como “Castelo e Ilha Rá Tim Bum” também estão em diferentes produtos, segundo Mendonça. Há ainda a venda dos DVD de programas como “Roda Viva” – o mais vendido até hoje é o do sociólogo italiano, Domenico de Masi, e “Ensaio”. “As compras podem ser feitas pelo site da Cultura Marcas. Há DVDs de diferentes programas, que passaram pelo processo de digitalização”, conta.

Juntando essas ações, os resultados começam a aparecer. “Somos uma TV pública que busca produzir programas da mais alta qualidade para o nosso público”, afirma Mendonça. O executivo revela que para este será criado um núcleo voltado para a educação. “Esse é um ponto fundamental do nosso trabalho”, comenta.

A emissora vai investir também na produção de séries infantis continuadas, como “Cocoricó”, que já possui 117 episódios. Ainda para 2007, o executivo promete a produção de documentários e um jornalismo mais analítico.

A Cultura passará também por uma mudança na grade de programação. No segmento de rádio, para este ano, foi realizada uma reforma na Rádio Cultura FM, que continua com sua programação segmentada na área de música erudita.

A grande novidade fica para a Rádio Cultura AM, que será lançada ainda este mês e terá uma programação voltada exclusivamente para a educação e, na madruga, entre às 22 horas e às 6 horas, a transmissão de um programa de música popular brasileira. “Esse é um ótimo projeto, é preciso que a população tenha mais contato com a MPB”, afirma Mendonça.

Há também planos de uma modernização nas 211 antenas retransmissoras em todo o interior do Estado de São Paulo – hoje elas são à válvula. “Essa modernização será feita por meio de uma parceira com as emissoras educativas do interior. O projeto envolve um custo de R$ 20 milhões, com uma manutenção mensal de R$ 500 mil. Com a parceria, todos esses custos estão sendo repassados.”

Um dado importante sobre a TV Cultura é a obtenção do segundo lugar em uma pesquisa realizada em São Paulo como a TV mais admirada de 2006. Já quando os quesitos “Ética” e “Independência Editorial”, a emissora pública fica em primeiro lugar na opinião dos entrevistados. Estes dados são de uma pesquisa realizada pela Troiano Consultoria de Marca para o jornal especializado Meio & Mensagem.