Crise do Incor está chegando ao fim

SP TV - 1ª Edição - Segunda-feira, 5 de março de 2007

seg, 05/03/2007 - 13h58 | Do Portal do Governo

Do SP  TV (1ª edição)

O governo do Estado vai assumir uma parte da dívida, de 100 milhões de reais e a Fundação Zerbini, que cuida do Incor, já negocia os outros 170 milhões de reais que deve.

Na tela do computador, o coração é examinado em três dimensões, por todos os lados. Os médicos conseguem localizar até placas de gordura do lado de fora das artérias.

A tomografia computadorizada de última geração é um ganho para pacientes do sistema público de saúde e também para médicos como o doutor Sávio, que veio de Recife fazer uma especialização.

“Quem faz treinamento aqui no Incor, não fica faltando nada no treinamento em relação aos outros lugares do mundo”, Sávio de Menezes Cardoso, radiologista.

Com dois cateterismos e 10 anos de tratamento no Incor, para seu José, 77 anos, a diferença aqui também está no tratamento “olho no olho”.

“Me sinto bem. Você não viu o que o médico falou lá, tudo direitinho? A gente se sente grande, de estar com um tratamento assim”, afirma José Biancatti, aposentado.

“O que vai fazer diferença é o que ele paciente faz do tratamento que você orienta ele a fazer. E ele só vai fazer se ele acreditar em você. Porque se ele não acreditar, ele não vai fazer”, diz Miguel Moreti, cardiologista.

Qualidade no serviço que mantém as salas de espera sempre cheias. Por dia, são quase 800s consultas. Por ano, cinco mil cirurgias, 13 mil internações, dois milhões e meio de exames.

Oitenta por cento desses atendimentos são feitos pelo SUS, mas o Instituto do Coração, apoiado financeiramente pela Fundação Zerbini, está em crise.

Há quase 30 anos a Fundação Zerbini recebe e reinveste no próprio hospital os recursos recebidos do SUS, das consultas médicas, das pesquisas científicas e também de doações.

Sem a fundação, todo esse dinheiro iria para os cofres públicos, e só depois de atravessar a burocracia administrativa, voltaria para o Incor.

Com a fundação, o fluxo de caixa é mais rápido, direto, o que segundo os administradores, garante a qualidade dos serviços.

O problema é que a fundação acumulou dívidas que somam mais de 270 milhões de reais. Cem milhões foram gastos em um novo prédio, que ampliou os atendimentos.

O governo do estado se comprometeu em assumir essa parte da dívida, desde que a fundação reduza em 70% o número de funcionários e concentre as atividades no Incor de São Paulo.

“O governo do Estado estaria negociando com o BNDS a troca do tomador do empréstimo. Ao invés de ser a Fundação Zerbini, passará a ser o governo do Estado de São Paulo”, conta Luiz Roberto Barradas, secretário estadual da Saúde.

O presidente do conselho do Incor diz que os cortes já foram feitos e que as outras dívidas foram renegociadas.

“Tem que ser muito claro que quando o governo se refere a funcionários, são funcionários administrativos da sede da Função Zerbini, da gestão da Fundação Zerbini. Não diz respeito a nada a funcionários do Incor. E nós já fizemos essas demissões. Eu diria que a parte mais difícil da crise já passou”, garante Jorge Kalil, presidente do Conselho Diretor do Incor.

Desde o segundo semestre do ano passado, 80 funcionários foram demitidos da Fundação Zerbini. O Incor tem apenas uma unidade fora de São Paulo, em Brasília.