Crianças serão vacinadas contra gripe

Jornal da Tarde - Sexta-feira, 6 de março de 2009

sex, 06/03/2009 - 9h23 | Do Portal do Governo

Jornal da Tarde

No próximo mês, começa em São Paulo um estudo inédito para avaliar os efeitos da vacinação contra gripe em crianças e adolescentes. Iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde e do Instituto Butantan, o objetivo é mapear quais são os efeitos no controle da doença respiratória na população infantil. Caso o resultado seja positivo, a ideia é adotar a imunização em toda a rede estadual. Hoje, a dose gratuita é disponível em todo o País só a maiores de 60 anos.

Para participar do ensaio clínico foram selecionados 4,6 mil estudantes de nove escolas estaduais da zona oeste paulistana, todos na faixa etária entre 6 e 14 anos. O investimento inicial para o estudo foi de cerca de R$ 500 mil. A hipótese dos pesquisadores é que as crianças quando contaminada pelo vírus da gripe, chamado de Influenza, acabam sendo o vetor da doença dentro de casa, contaminado os adultos e irmãos.

“O nosso objetivo é avaliar se a vacina aplicada em meninos e meninas também será capaz de proteger todo o núcleo familiar”, afirma o diretor do Instituto Butantan, Otávio Mercadante. Segundo ele, a implantação da vacinação para os mais jovens não traria custos adicionais, já que seriam utilizadas as doses excedentes de produção da Fábrica de Vacina da Gripe, que deve ficar pronta este ano. “A fábrica tem capacidade de produzir 40 milhões de doses. Para os idosos, utilizamos entre 17 e 20 milhões”, completa Mercadante.

Estudos internacionais já evidenciaram que a gripe é três vezes mais comum em crianças menores de 15 anos do que em adultos. Mas os especialistas lembram que as complicações de saúde acarretadas nos idosos são mais graves já que eles costumam ser portadores de doenças agravadas pelas crises respiratórias, como as cardiovasculares e diabetes.

Ainda assim, a estimativa da Organização Mundial de Saúde é que todo ano, 600 mil meninos e meninas entre 7 e 10 anos adoeçam de gripe, o que acarreta falta nas escolas e também atrapalha a vida profissional dos pais. Pesquisa Ibope, encomendada por uma multinacional fabricante de medicamentos para gripe, indica que 27% das mães de crianças gripadas faltam ao trabalho. Foram 500 mulheres entrevistadas, todas de classe média alta, e a média de ausência no serviço foi de ao menos dois dias. Outras 74% das entrevistadas sofrem algum tipo de mudança no dia a dia quando seu filho está com a doença.

Para avaliar os benefícios trazidos pela vacina em crianças na fase escolar, os participantes do estudo serão acompanhados por seis meses. As doses serão aplicadas entre os dias 25 de abril e 8 de maio. Dos 4,6 mil participantes, metade receberá a vacina contra a gripe e o outro grupo doses de catapora e meningite C, apenas como controle.