Folha de S.Paulo
Depois de uma viagem de dez horas que cortou o Estado de São Paulo e uma breve parada na escola pública improvisada como hotel, o ônibus se aproxima da praia do Itararé, em São Vicente (Baixada Santista). Quarenta crianças de Presidente Venceslau (Pontal do Paranapanema) estão prestes a ver o mar pela primeira vez.
Ao mais distante sinal da praia, cabeças se ergueram sobre as poltronas e gritinhos de emoção encheram o ônibus. “Tem um monte de gente na onda”, admirou-se Alberto Vinícius Gross, 11, com sotaque do interior. “Gente, até parece que é mentira. Que coisa mais linda!”, suspirou Mariane Cristina dos Santos, 10, levando a mão à boca.
Junto com aquele ônibus, outros cinco, vindos de diferentes cidades, estacionaram e 280 crianças pipocaram para fora, ansiosas pelo primeiro banho de mar de suas vidas. Vestiam, para a ocasião, maiô, biquíni, sunga, bermuda e até cueca.
O passeio faz parte do programa Interior na Praia, organizado pelo governo paulista e por 13 prefeituras litorâneas. Quando janeiro terminar, 8.000 crianças de 9 a 11 anos que estudam em colégios estaduais e municipais terão passado cinco dias em algum balneário paulista.
Ontem, sob o sol forte do início da tarde, as meninas fugiam das ondas de mãos dadas e os meninos se jogavam com força contra a água. Os pequenos banhistas ficaram isolados numa área onde a água não passava da cintura. Nove salva-vidas vigiavam.
A praia de São Vicente está longe de estar entre as mais cotadas de São Paulo. Isso pouco importa para as crianças. “A água é verde amarronzada e a onda é branca, né? Estou amando”, disse Ângela Aparecida de Souza, 11. “Não sabia que a água do mar tinha sal. Pensava que fosse igual piscina”, confidenciou José Carlos Ramos, 10, esfregando os olhos após um mergulho.
