Cresce o emprego em São Paulo

O Estado de S. Paulo – terça-feira, 12 de fevereiro 2008

ter, 12/02/2008 - 16h34 | Do Portal do Governo

O Estado de S. Paulo

Estudo do Observatório do Trabalho, uma parceria entre a Fundação Seade, Dieese, Ministério do Trabalho e Secretaria Municipal do Trabalho, mostrou que o emprego com carteira assinada aumentou 35% na cidade de São Paulo, em 2007, com o preenchimento de 234.450 novos postos de trabalho. São números bem positivos, superiores aos da região metropolitana de São Paulo e aos das vagas de trabalho informal, dando uma medida do dinamismo da economia paulistana, com destaque para os segmentos da construção civil e para o pessoal com alta qualificação profissional, numa faixa etária mais alta. O avanço da economia estadual, desde 2005, quando o Produto Interno Bruto (PIB) paulista aumentou 3,6%, ante 3,2% do PIB do País – tendência que se manteve nos últimos dois anos -, está por trás desse resultado.

A taxa de desemprego total na região metropolitana de São Paulo declinou, entre novembro e dezembro, de 14,2% para 13,5%, a menor desde 1996. Em 2007, a população ocupada aumentou em 260 mil pessoas e o número de desempregados caiu 2,8%, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de 31 de janeiro.

Mas é no emprego formal que os números são mais expressivos. Em 2007, segundo levantamento publicado no site do governo paulista, o crescimento do emprego no setor industrial foi de 30,6%, bem acima dos 22,2% registrados no comércio e dos 15,4% observados no segmento de serviços – que, como em outras classificações sobre emprego, não inclui o comércio, o que não se justifica, pois ambos compõem o setor terciário da economia.

O grande destaque foi o setor de construção civil, onde a geração de empregos formais avançou 159,30%. Isto se explica, em parte, pela intensificação da fiscalização nessa atividade – conhecida, desde há muito, como grande contratadora de mão-de-obra informal. Mas houve também o impulso do crédito imobiliário, que alavanca a produção de imóveis e sua comercialização. Reportagem de Renée Pereira, no Estado (B1, 4/2), mostrou que os empréstimos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) mais que dobraram entre 2002 e 2007, passando de R$ 3 bilhões para R$ 6,7 bilhões anuais. E no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com recursos das cadernetas de poupança, aumentaram nove vezes, de R$ 2 bilhões para R$ 18,3 bilhões, no mesmo período.

O aumento do crédito permitiu que o número de unidades financiadas pelo SBPE aumentasse seis vezes e meia, de 28,9 mil para 195,9 mil. Só em 2007, o aumento foi de 82,1 mil unidades. Para 2008, projeta-se um crescimento da oferta de crédito de no mínimo 26%. O crédito também ajudou a empregar trabalhadores em reformas e ampliação de residências e escritórios, sob o estímulo do aumento da procura por imóveis.

Outro indicador de mudança de tendência do emprego foi o crescimento, entre 2006 e 2007, de 182,5% das contratações de pessoas com idade entre 40 e 49 anos. O porcentual de pessoas nessa faixa etária no mercado de trabalho é relativamente pequeno, mas passou de 2,8%, em 2006, para 6%, no ano passado. Trata-se de trabalhadores experientes, mostrando que as empresas estão em busca de mão-de-obra mais qualificada. Começa a se reverter, assim, a preferência por pessoal jovem e inexperiente, contratado tão-somente pelo menor custo para a empresa. Também a faixa de 30 a 39 anos aumentou sua participação no emprego total, que passou de 11,3%, em 2006, para 13,5%, em 2007. A faixa etária de 16 a 39 anos responde por 62,5% do total de empregados em São Paulo.

É possível que o emprego tenha uma evolução menos favorável em São Paulo em 2008. Com algum aperto no crédito ao consumidor, onerado pelo IOF e pelo compulsório sobre as operações de leasing, é provável que haja algum arrefecimento no ritmo da indústria, inclusive na automobilística, que tem grande poder de irradiação sobre as indústrias mecânica, de autopeças e siderúrgica e sobre as concessionárias do comércio de veículos. Além disso, deve se refletir no mercado de trabalho a queda do ritmo das exportações.