Cresce nº de ”vovôs” no Zôo de SP

O Estado de S.Paulo - Domingo, 14 de dezembro de 2008

dom, 14/12/2008 - 15h43 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Cristal e Mel são meninas de sorte. Nasceram em uma época em que a medicina está tão avançada que podem fazer planos para quando ficarem velhinhas. Seus pais já aprenderam a importância da alimentação saudável, do combate ao sedentarismo e dos check-ups anuais. Por isso, na comunidade onde vivem, o número de vovôs tem batido recordes. Essas duas girafas de 2 anos e todos os outros moradores do Zoológico de São Paulo já podem se programar: o aumento da expectativa de vida também chegou para os bichos.

Ainda não há estudo científico sobre idade média dos animais do zôo, mas não faltam exemplos. A hipopótamo Tetéia está em ótima forma – seu registro mostra que ela já beira os 50 anos (a expectativa média é de 35), idade próxima da marca mais alta de longevidade da espécie em cativeiro – 54. O Tatá, tamanduá-bandeira, acabou de completar o 20º aniversário com tanta disposição que nem parece estar no limite da expectativa de vida para o animal.

“O fenômeno do envelhecimento chegou com tudo ao zôo”, conta o biólogo Guilherme Domenichelli. No mesmo grupo estão leopardos negros, répteis e até aves. E a receita para prolongar aniversários de animais é praticamente a mesma que fez homens ganharem três meses e 14 dias em sua projeção de vida só entre 2006 e 2007, como mostrou o IBGE (a estimativa do brasileiro é agora viver 72,57 anos). O bê-á-bá de hábitos saudáveis, alimentação equilibrada, além de melhoras nos tratamentos clínicos, foram implementados em 2005, com o Centro de Medicina Preventiva.

“A alimentação está mais adaptada e os ambientes foram preparados para que eles façam exercícios e não fiquem sedentários”, explica a veterinária responsável pelo núcleo de Medicina Preventiva, Sandra Helena Corrêa. “Com a rotina anual de exames, fazemos agora diagnóstico precoce.”

E não é só em São Paulo que surgiu a terceira idade animal. No Zoológico de São Bernardo do Campo, mamíferos já estão ficando de pêlos brancos e as aves, bem idosas. O veterinário Marcelo da Silva Gomes cita um lobo-guará de 17 anos (a expectativa é 15) e um gavião com 13. “O envelhecimento é uma realidade, tanto que as doenças que têm aparecido são típicas de idosos. Se antes resfriados e infecções predominavam, agora tratamos artrose, diabete e problemas renais.”

Mas na velhice dos bichos ninguém fica rabugento. Mesmo sem recorrer às famosas pílulas azuis, eles não aposentam o programa preferido, que é namorar. Ficam mais velhos, mas com qualidade de vida. “Eles ficam bem menos estressados e vemos isso porque diminuem casos de automutilação. Índices de reprodução também aumentaram”, conta Sandra. No serpentário, as vovós cobras vivem trocando de pele. E o Chico, chimpanzé chefe da família, só pensa naquilo.