Cresce colheita mecânica da cana

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 11 de março de 2008

ter, 11/03/2008 - 12h06 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

A colheita mecanizada da cana alcançou 47% da área colhida em 2007 em São Paulo e deverá representar a maior parte da produção na safra 2008/2009. Em 2006, era apenas 30%. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apresentados ontem pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SMA), indicam que 1,76 milhão de hectares de canaviais (dos 3,79 milhões de hectares colhidos) deixaram de ser queimados para o corte manual.

Mais de 8 mil empregos já foram eliminados, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). O setor diz que outros 1,5 mil empregos foram criados no corte mecanizado.

O secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Xico Graziano, disse ontem que a eliminação de empregos não atinge os paulistas, mas trabalhadores nordestinos que migram para o Centro-Sul do País. Ele também cobrou do setor a antecipação do fim das queimadas em áreas mecanizáveis já em 2012.

Ontem, no Palácio dos Bandeirantes, o Protocolo Agroambiental recebeu a adesão da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana) – associação que representa 13 mil pequenos produtores de cana. Como no caso das usinas, os produtores assumiram o compromisso de zerar até 2014 as queimadas nas áreas mecanizáveis e até 2017 em terrenos acidentados. Pela lei atual, o prazo seria 2021 para áreas mecanizáveis e 2031 para áreas não mecanizáveis.

“Vamos tentar cumprir essa meta de zerar as queimadas até 2012 em áreas mecanizáveis”, disse Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana. Marcos Jank, presidente da Unica, também disse que as usinas tentarão cumprir a nova meta. Das 170 usinas de São Paulo, 141 assinaram a adesão ao protocolo.

O resultado ambiental do protocolo é positivo. No início de 2007, o setor sucroalcooleiro paulista havia solicitado a queima de 2,82 milhões de hectares, 32,6% mais do que foi queimado em 2006 (2,132 milhões de hectares). O protocolo lançado em junho surtiu efeito. No balanço final das queimadas, divulgado ontem, a queima total foi de 2,023 milhões de hectares, 109 mil hectares menos que no ano anterior, mesmo ante o crescimento de 548 mil hectares da área colhida.

A Unica afirma que o investimento para atingir metade da colheita com máquina consumiu R$ 2,5 bilhões, suficiente para pôr em operação 1,9 mil colheitadeiras e acessórios, como tratores e caminhões.

A previsão da Unica é que o setor invista mais R$ 3 bilhões para atingir a meta de eliminar a queimada da cana no Estado. “Isso será maior se o setor expandir a área de plantio”, diz Antonio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica.

Os 13 mil produtores da Orplana só aceitaram os prazos para fim da queimada por causa de uma cláusula de revisão do acordo prevista para 2010. Os pequenos plantadores não têm tecnologia para a mecanização a custo baixo. Uma colheitadeira custa R$ 1,3 milhão, valor proibitivo para os pequenos.

A Orplana negocia com fabricantes o desenvolvimento de uma colheitadeira menor, de custo mais acessível. “A meta é desenvolver uma colheitadeira que custe entre R$ 70 mil e R$ 100 mil”, diz Perina. Sem um equipamento para esse grupo, o setor acredita que a exigência de queima zero até 2017 signifique na prática a expulsão desses produtores do setor.

CONSUMO

O preço médio do álcool combustível subiu pela quarta semana seguida nas usinas paulistas, mas manteve o ritmo de desaceleração nos reajustes. Segundo o levantamento divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o litro do hidratado aumentou 0,81% na última semana, ante a anterior, de R$ 0,74945 para R$ 0,75552, em média. Já o anidro fechou a semana passada a R$ 0,83917 o litro, em média, com alta de 0,3% sobre os R$ 0,83666 da semana anterior.