Crédito curto faz juro do cheque especial ser o maior em 5 anos

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 14 de novembro de 2008

sex, 14/11/2008 - 11h47 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Apesar de a taxa básica de juros (Selic) não ter sido alterada na última reunião do Copom, em outubro, as taxas de juros para as pessoas física e jurídica voltaram a subir por conta do agravamento da crise econômica internacional, segundo duas pesquisas divulgadas ontem – uma da Fundação Procon de São Paulo e outra da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Pesquisa do Procon sobre empréstimos pessoais e cheque especial divulgada ontem mostrou que nessas modalidades a taxa de juros em novembro é a mais alta desde 2003.

Os juros médios para empréstimo pessoal ficaram em 6,15% ao mês ou 104,57% ao ano, patamar mais alto desde junho de 2003 (6,22% ao mês). Em relação a outubro (6,04%), houve alta de 1,82%. No cheque especial, os juros médios ficaram em 9,24% ao mês ou 188,73% ao ano – maior taxa mensal desde julho de 2003 (9,27%). O aumento em relação a outubro (8,96%) foi de 3,12%. Os técnicos do Procon recomendam ao consumidor cautela ao contratar empréstimos.

Dos dez bancos pesquisados, cinco elevaram a taxa do empréstimo pessoal e sete a do cheque especial. Os demais mantiveram valores. Para empréstimo pessoal, foi considerado o prazo de 12 meses e, para cheque especial, o uso por 30 dias. O Procon pesquisou taxas no Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Safra, Santander e Unibanco.

As maiores elevações para as duas modalidades aconteceram no Bradesco. Para empréstimo pessoal, a taxa passou de 5,47% para 5,99% ao mês – alta de 9,51%. Para cheque especial, passou de 8,05% para 8,64% – alta de 7,33%. Houve aumento significativo dos juros ainda na taxa do cheque especial do Real, que subiu de 9,28% para 9,85% ao mês.

A taxa de juros mais alta para empréstimo pessoal foi registrada no Real, de 8,15% mensais. A mais baixa, na Caixa, de 4,49%. No cheque especial, os juros mais altos, de 12,30% ao mês, estão no Safra e os mais baixos, de 7,98%, na Caixa.

Segundo a Anefac, a taxa de juro média para pessoa física chegou a 7,54% em outubro, a maior taxa desde junho de 2006. Isso equivale a 139,24% ao ano.Para pessoa jurídica, a taxa média foi de 4,43% ao mês, ou 68,23% ao ano, a maior taxa desde março de 2006.

A pesquisa da Anefac considera os juros cobrados pelos bancos, pelo comércio e pelas empresas de cartão de crédito. A alta foi provocada pela elevação dos juros futuros e pela maior dificuldade de acesso a crédito pelas instituições financeiras.

“Não foi uma surpresa. Nos últimos seis meses, a taxa de juros estava em alta”, diz o coordenador da pesquisa, Miguel Ribeiro de Oliveira. “Para o próximo mês, ainda é difícil prever. Dependerá muito da próxima decisão do Banco Central em, relação à Selic e da situação dos mercados internacionais.”

Oliveira diz que os consumidores devem se manter cautelosos nos próximos meses. “Devem se programar para os gastos de fim de ano e evitar endividamentos longos, que embutem custos maiores”, diz. “E se a empresa onde a pessoa trabalha está passando por dificuldades, é preciso ser mais cauteloso ainda, pois infelizmente essa crise tem impacto sobre o emprego.”

O juro do cartão de crédito – uma das formas de pagamento mais usadas na época de Natal – se manteve estável no último mês, porém ainda é uma das mais altas entre os serviços financeiros: 10,4% ao mês. A Anefac informa também que foi verificado aumento no crediário próprio em todas as lojas pesquisadas.