CPTM, estação Grafite

Jornal da Tarde - Domingo, dia 1º de outubro de 2006

dom, 01/10/2006 - 12h56 | Do Portal do Governo

Na segunda-feira, a linha C da CPTM circula com ‘sprays’ criados por artistas como ‘Osgêmeos’

LUDMILA AZEVEDO, ludmila.azevedo@grupoestado.com.br

Desde as 15h de ontem, os artistas plásticos Ise, Nina, Koyo, Nunka, os irmãos Gustavo e Otávio Pandolgo, reconhecidos nacional e internacionalmente como Osgêmeos, colorem e dão formas diferentes à parte externa de um trem alemão da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

A iniciativa faz parte do projeto Ruas, idealizado pelo Itaú Cultural, que durante todo o mês de outubro vai mostrar que arte não tem necessariamente que ser exibida apenas em museus e galerias.

‘O trem é muito interessante porque leva nosso trabalho de um extremo ao outro’, conta Gustavo. ‘É ótimo invadir a rotina das pessoas dessa maneira’, brinca Nunka.

As reações dos passageiros sempre são positivas, segundo os artistas. ‘Fizemos uma intervenção similar em São Paulo há três anos e, recentemente, em outras capitais como Porto Alegre e Rio de Janeiro. Houve uma pesquisa com usuários das linhas e eles foram unânimes: adoraram’, lembra Ise.

Independentemente da idéia partir do setor privado ou público, o que determina a continuidade da interação entre o grafite e o espaço urbano é a aprovação de quem quer ver a cidade menos cinza.

‘Se não houver interesse e aceitação do povo, nossa arte não tem sentido’, explica Nina, espécie de Luluzinha fazendo parte de um clube onde meninas dificilmente entram.

‘Comecei pintando telas, no entanto, decidi partir para o grafite porque queria que minha arte fosse apreciada por mais pessoas’, diz.

Haja spray

O galpão que abriga a linha C (Osasco – Jurubatuba), em Presidente Altino, Osasco, virou um verdadeiro ateliê a céu aberto. Cerca de 2 mil latas de spray foram compradas para a alegria da turma do grafite.

Como seis criadores com linguagens e traços tão singulares chegaram num consenso, para agradar as mais de 100 mil pessoas que utilizam o trem todos os dias?

‘Nós conversamos antes e conseguimos trabalhar no mesmo projeto imprimindo características individuais no processo coletivo. Alguns até arriscam improvisar’, afirma o ‘gêmeo’ Gustavo Pandolgo.

Literalmente, uma arte em bastante movimento.