CPFL desenvolve moto elétrica com a Unicamp

Valor Econômico -Sexta-feira, 4 de julho de 2008

sex, 04/07/2008 - 10h57 | Do Portal do Governo

Valor Econômico

Colocar nas ruas brasileiras um veículo elétrico está no topo das prioridades da CPFL Energia Holding que controla ativos de distribuição, geração e comercialização do insumo no país, a companhia firmou uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e espera acelerar a primeira moto movida a eletricidade em um ano. E o investimento dessa empreitada já está na planilha de custos da empresa, algo como US$ 1 milhão.

Paulo Cezar Tavares, vice-presidente de gestão de energia da CPFL, conta que colocar nas ruas de Campinas (SP) a primeira moto elétrica, que se assemelha muito a uma lambreta, exigirá ampla pesquisa econômica e desenvolvimento tecnológico. “Nós não abrimos mão do custo de carregamento da bateria, que é de R$ 0,50, e escolhemos o município de Campinas porque é a sede da companhia e porque também é uma cidade universitária”, diz Tavares. Em outras palavras, R$ 0,50 é quanto custa para “encher o tanque” da moto elétrica.

Mas os desafios tecnológicos ainda não são desprezíveis. Hoje, o protótipo atual tem uma autonomia pequena, de 50 quilômetros (km), rodando a 50 quilômetros por hora (km/h). E o tempo de recarregamento da sua bateria é de 4 horas. A meta, diz o executivo da CPFL, é que o protótipo leve 2 horas e tenha uma autonomia de 150 km, com uma velocidade de 50 km/h. E boa parte desse desenvolvimento passa pelo material usado na confecção da bateria.

“É uma moto de uso urbano e restrito. Não é um veículo que vai servir para viajar de Campinas ao Rio de Janeiro, por exemplo”, afirma o executivo, garantindo que o veículo poderá ser abastecido por uma simples tomada.

A escolha inicial pela moto e não pelo carro tem explicação. De acordo com o vice-presidente de gestão de energia da CPFL, a lambreta elétrica já é plenamente comercial. “O carro vai precisar de uma infra-estrutura maior”, afirma Tavares. A empresa já computa destinar US$ 700 mil ao projeto. Isso, porque a CPFL está disposta a vender uma frota de lambretas a preço de custo para que o negócio ganhe corpo.

O vice-presidente de gestão explica que vai usar US$ 600 mil para comprar 300 motos a US$ 2 mil cada uma. E os US$ 100 mil restantes serão usados para que a CPFL espalhe pontos de carregamento por Campinas. A Unicamp, inclusive, fará a pesquisa econômico-financeira nos próximos seis meses, o que determinará a viabilidade da empreitada e onde será possível espalhar os pontos de recarregamento da bateria na cidade, também conhecidos como eletropostos.

Outra questão que o estudo da Unicamp deverá esclarecer é quanto à forma de pagamento. Paulo Cezar Tavares explica que a recarga poderá ser feita por meio de cartão de crédito, de débito ou até um cartão especial.

O fato é que a CPFL não está sozinha na empreitada. A moto elétrica também tem sido alvo de estudos por parte da americana AES , que no Brasil controla a maior distribuidora de energia da América Latina, a Eletropaulo. A CPFL, contudo, é a maior holding em distribuição no país, com oito empresas desse segmento.

É até por isso que a companhia aposta pesado nesse projeto. Além de Campinas, a CPFL Energia tem companhias em outras cidades do interior paulista e também em municípios gaúchos. E como o custo de recarga é barato, o potencial de demanda tende a ser alto.

Mas o interesse em diversificar a venda de energia por parte de grupos locais e multinacionais de distribuição de energia apóia-se no futuro do setor. Com equipamentos cada vez mais econômicos e com a necessidade de ampliar o uso eficiente da energia, as distribuidoras sabem que a demanda no futuro poderá sofrer alguma diminuição ou até apresentar crescimento muito baixo. E é nesse cenário que a diversificação ganha espaço.

“Deverá haver uma mudança de consumo com a eficiência dos equipamentos. Mas isso é uma realidade mais mundial do que nacional, porque há muito espaço para aumento do consumo de energia no Brasil”, diz o executivo da CPFL.