Coro da Osesp faz 15 anos e mostra a sua versatilidade

O Estado de S. Paulo

ter, 29/09/2009 - 8h31 | Do Portal do Governo

Dirigido por Naomi Munakata, grupo debuta e exibe humor e riqueza técnica

Nada mais justo do que começar o concerto dos 15 anos do Coro da Osesp com a homenagem aos 200 anos de Mendelssohn que, nos Seis Provérbios op. 79, remonta às tradições de Palestrina e Bach, para mostrar a eternidade do canto coral. 

A primeira parte do concerto de sexta-feira foi um mostruário da riqueza técnica e da diversidade estilística e expressiva adquirida pelo coral, nas mãos experimentadas de Naomi Munakata. Com a bem-humorada irregularidade métrica do Sine Nomine e Sine Sensu, de Ernani Aguiar, contrastou o lirismo da Ismália, de Nibaldo Araneda, sobre o poema famoso de Alphonsus de Guimarães. Às transparências de textura da Ave Maria, de Gustav Holst, para vozes femininas, opôs-se a irreverência do Frevo Fugato, de Villani-Cortes, para 12 solistas e o piano de Fernando Tomimura. E tanto o Domine, do romântico sueco August Söderman, quanto o Jequi-Bach, de Mario Albanese e Ciro Pereira, ilustraram formas distantes, no tempo e no espaço, de expressar a espiritualidade. 

Quanto à segunda parte, esta não quis demonstrar nada. Com uma seleção de faixas do CD Canções do Brasil, que estava sendo lançado naquela noite, o Coro da Osesp cantou, dançou, brincou, curtiu, confraternizou, em suma, com o público que encheu a sala para participar daquela “festa de debutante”. É numa hora dessas que o jornalista também fica tentado a tirar a sua vestimenta sisuda de crítico e a assumir o direito, como público, a ser apenas um convidado a mais, na celebração do talento de Naomi e de seus cantores.