Consultas mudam hoje no HC

O Estado de S. Paulo - Segunda-feira, 1º de agosto de 2005

seg, 01/08/2005 - 9h27 | Do Portal do Governo

Hospital passa a receber só casos complexos. Os demais serão encaminhados às Unidades Básicas de Saúde

Adriana Dias Lopes

A partir de hoje, o Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, o maior centro hospitalar da América Latina, só vai receber pacientes de alta complexidade – como aqueles que vão se submeter a cirurgias neurológicas ou transplantes. Com isso, os casos considerados de baixa gravidade (com gripe e gastrite, por exemplo) serão encaminhados para uma das 462 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade. Os de média (com problemas cardíacos e hepatite, por exemplo) irão para um dos 13 ambulatórios de especialidade do Estado.

O encaminhamento dos pacientes será feito de duas maneiras. Uma, pelas UBSs – onde já tinham de pegar uma autorização médica para chegar ao HC. Outra, pelo próprio telefone do HC, que a partir de agora será atendido por funcionários da Secretaria Estadual da Saúde.

O serviço de atendimento da Secretaria Estadual, que deverá ser mantido até o fim do ano, fará marcações de consulta para os ambulatórios de especialidade e só quando o paciente já tiver o encaminhamento de uma UBS. Quando o caso for de um paciente de baixa complexidade, a orientação será de que ele deverá procurar a UBS. A partir do ano que vem, o telefone do HC será desativado.

NOVAS VAGAS

Para atender a demanda, foram abertas 30 mil vagas de atendimento nos ambulatórios de especialidade (de 106 mil passarão a ser 136 mil). De acordo com José Manoel de Camargo Teixeira, presidente do HC, os ambulatórios estão muito bem preparados. O paciente não os procurava por uma questão cultural. Os médicos dos ambulatórios e os das UBSs vão seguir o mesmo protocolo de atendimento do HC. O médico que atender o paciente com dor de cabeça no ambulatório de especialidade, por exemplo, deverá seguir os mesmos procedimentos do profissional do HC. A diretoria do HC prometeu acompanhar o passo-a-passo da mudança de atendimento.

Por enquanto, a mudança atinge somente o Instituto Central do Hospital das Clínicas, que centraliza 65% das consultas de todo o complexo. Além dele, o HC conta com mais cinco centros – os Institutos da Criança, do Coração, de Ortopedia, Psiquiatria e Radiologia -, que deverão passar pela mesma mudança ainda este ano.

Os pacientes que estão em tratamento no HC continuam no hospital. Eles serão transferidos para as UBSs ou os ambulatórios de especialidade gradativamente. Quem tem consulta marcada também será atendido normalmente no hospital.

A idéia do novo sistema de atendimento não é diminuir o número de vagas do hospital. Serão mantidas exatamente as mesmas: 70 mil mensais. Elas apenas passarão a ter um novo perfil, segundo o HC.

Os pacientes de baixa e de média complexidades deverão abrir espaço para os casos de alta complexidade. O atendimento de emergência vai funcionar, por enquanto, da mesma maneira.

O Instituto Central recebe atualmente 40 mil ligações por dia. Apenas 3.800 pessoas por mês conseguem marcar consulta. Cerca de 60% das consultas ambulatoriais são de baixa e média complexidades.

O novo projeto de atendimento vem sendo elaborado há dois anos pelo HC e pelas Secretarias Estadual e Municipal de Saúde.