Grupo com empresas que atuam nos sistemas de Paris e Buenos Aires vai explorar trecho entre Luz e Vila Sônia
Cley Scholz
A Linha 4 do Metrô, que vai ligar a Estação da Luz à Vila Sônia, passando pela Consolação e Pinheiros, será operada por um consórcio que reúne os concessionários dos metrôs de Paris e Buenos Aires, além de uma empresa que administra 15% das rodovias privadas do Brasil e tem entre os acionistas as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.
O consórcio denominado MetroQuatro vai receber do governo do Estado R$ 75 milhões – em 48 parcelas até 2012 – para pôr em funcionamento e operar a nova linha de 12,8 quilômetros de extensão. O grupo se compromete a investir US$ 340 milhões em linhas, sinalização e trens. Serão 14 composições na primeira fase, até 2008, e mais 15 a partir de 2012. O governo do Estado se encarrega das escavações e construção das estações, obras em andamento em 27 frentes de trabalho.
O recebimento dos envelopes e escolha da melhor proposta foram autorizados pela Justiça na segunda-feira, mas o Metrô terá de aguardar o julgamento do mérito do recurso para assinar o contrato e formalizar a escolha do operador da nova linha, a primeira de São Paulo a ter gestão privada, em parceria com o poder público.
Para garantir a concorrência, que contava com um outro consórcio interessado, e enfrentar a oposição do Sindicato dos Metroviários, o Metrô montou uma operação de guerra e convocou os participantes com quatro horas de antecedência em relação ao horário previsto originalmente. “Chegamos às cinco da manhã para evitar o risco de piquete dos metroviários, que são contra a privatização”, disse um dos secretários do governo envolvidos no processo. Os sindicalistas conseguiram entrar na sala de licitações do Metrô, na Rua Boa Vista, com faixas de protesto, mas não impediram a abertura dos envelopes com as propostas.
O consórcio vencedor é formado pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), Montgomery Participações S.A., Benito Roggio Transportes S.A. (concessionário do Metrô de Buenos Aires) e RATP Développement S.A (Metrô de Paris). A CCR foi formada em 1998 pela Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Serveng-Civilsan e hoje conta com a participação da portuguesa Brisa, uma das principais empresas européias de concessões de rodovias. O grupo CCR controla seis concessionárias – Ponte Rio-Niterói (RJ), NovaDutra (SP/RJ), ViaLagos (RJ), RodoNorte (PR), AutoBAn (SP) e ViaOeste (SP).
Na primeira fase, a linha iniciará a operação em 2008 com seis estações (Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República e Luz). Na Estação Paulista, haverá conexão com a Linha 2 – Verde (Imigrantes – Vila Madalena). Na Estação República, com a Linha 3-Vermelha (Corinthians/Itaquera – Palmeiras/Barra Funda). E na Estação Luz, com a Linha 1-Azul (Jabaquara – Tucuruvi) e com as linhas de trem da CPTM. Na Estação Pinheiros, também haverá conexão com a CPTM.
A previsão é de que, na primeira etapa, a Linha 4 do Metrô transporte cerca de 704 mil passageiros/dia.
