Consórcio brasileiro conclui o seqüenciamento do café

O Estado de S. Paulo - Quinta-feira, 22 de abril de 2004

qui, 22/04/2004 - 9h24 | Do Portal do Governo

Começa agora o trabalho mais difícil, de identificação dos genes e descoberta de suas funções

Um mês antes da data do anúncio oficial, previsto para ser feito em 28 de maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBPDC) concluiu nessa semana o seqüenciamento do café. É o primeiro passo para entender melhor o funcionamento da planta e no futuro, quem sabe, modificá-la geneticamente, para torná-la mais produtiva, resistente a pragas e capaz de produzir uma bebida mais nutritiva e com diferentes sabores.

O seqüenciamento do café foi feito por pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o apoio do CBPDC. No total, foram investidos R$ 6 milhões, dos quais R$ 2 milhões diretamente nas pesquisas, realizadas em 18 laboratórios paulistas e mais o da Embrapa, em Brasília.

Segundo o diretor científico da Fapesp, José Fernando Perez, esse tipo de trabalho já é rotineiro do Brasil. ‘Já temos competência estabelecida para seqüenciar plantas’, diz. ‘É questão de escolher qual. Mas é importante o País mapear o genoma de plantas de interesse agrícola, como é o caso das já seqüenciadas cana-de-açúcar e eucalipto e agora o café. ‘ No caso desse último, o interesse é mais do que justificado, por causa da importância econômica que o produto tem para o País, que é o maior produtor mundial, com um terço do total cultivado no mundo. O produto é responsável por 2% da pauta de exportações brasileira e gera 7 milhões de empregos. A espécie seqüenciada, a Coffea arabica, é responsável por 80% da produção nacional de café.

De acordo com Perez, depois do simples seqüenciamento vem agora a tarefa mais complicada. É o genoma funcional, que vai identificar os genes, compará-los com os de outros organismos já depositados em bancos de genomas internacionais e descobrir suas funções, ou seja, que papel cada um deles desempenha no fisiologismo da planta.

É uma quantidade enorme de informações que precisa ser decifrada e entendida. O trabalho pode levar anos, mas é só a partir dele que se pode pensar em modificar geneticamente a planta, para lhe dar as características desejadas.