Congonhas: Serra ataca gestão federal

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

ter, 13/02/2007 - 14h56 | Do Portal do Governo

De O Estado de S.Paulo

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), criticou ontem o governo federal por manter o que considera “sistema de pane” no setor de transporte aéreo brasileiro, principalmente no Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista. “Há anos, a Infraero executa obras em Congonhas e não resolve o problema principal, que é reformar a pista”, criticou o governador na sede da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP). “Este assunto não é da órbita estadual, porque, se fosse, eu interviria.”

De acordo com o governador, as autoridades federais “andam muito devagar” na solução dos problemas aéreos brasileiros e, em nenhum momento, governo federal ou Infraero consultaram o governo estadual para debater saídas para os gargalos do setor. “Não nos furtaríamos a participar das soluções”, insistiu.

Em suas críticas, o governador lembrou que Congonhas é hoje a principal fonte de arrecadação da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e não tem merecido atenção especial do Executivo federal. Ao mesmo tempo, pontuou que a crise do sistema tem comprometido não apenas o transporte de passageiros, como também o de cargas, tornando-se assim mais um entrave para o crescimento econômico brasileiro. “O que São Paulo pode fazer apenas é vocalizar essa situação que tanto prejudica a população e as empresas do Estado e do Brasil”, queixou-se.

“Vi as críticas do governador e, em primeiro lugar, respeito-as”, disse o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira. “Mas, não vou rebatê-las porque são críticas de natureza política e não técnica. O que posso acrescentar é que minha engenharia está empenhada em encontrar formas de acelerar as obras na pista principal de Congonhas.”

O mau estado das pistas, provocado pelo emborrachamento do asfalto, leva ao alagamento toda vez que chove na cidade. A Infraero determinou que as operações de decolagens e pousos em Congonhas sejam interrompidas toda vez que há chuva forte e a lâmina de água sobre o solo ultrapasse 3 milímetros, para evitar que aviões derrapem. Um técnico percorre os 1.940 metros da pista principal de carro e pára em quatro pontos, para fazer a medição.

O nível da água é aferido com um aparelho chamado escala hidrológica, uma régua especial. Se o nível estiver maior que o permitido, a torre de comando – controlada pela Aeronáutica – é avisada. De 30 de dezembro até anteontem, a Infraero fez 49 medições, das quais dez resultaram na interdição da pista principal. Considerando que a operação para verificar a lâmina de água dura entre 10 e 30 minutos, a pista principal de Congonhas ficou fechada por, pelo menos, oito horas em pouco mais de um mês. Só no último dia 8, houve seis interrupções para medição, o que provocou dezenas de atrasos em vôos, em todo o País.