Como o Villa Lobos mudou a paisagem do Alto de Pinheiros

Jornal da Tarde - Quinta-feira, 25 de agosto de 2005

qui, 25/08/2005 - 11h12 | Do Portal do Governo

O que era apenas um aterro de entulho se tornou uma das únicas áreas verdes da região Oeste. E terrenos vazios deram lugar a construções de alto padrão com vista privilegiada

O gramado ainda não tem um verde uniforme, mas, aos poucos, alimentado pela água de poços artesianos, está se espalhando e tomando conta dos trechos de terra. As palmeiras estão encorpando, já há canteiros com flores e a maioria das árvores, espécies da Mata Atlântica que Marcílio Machado de Oliveira, 39 anos, viu bem pequeninas, alcançam mais de dois metros, oferecem uma sombra generosa e amenizam o calor nesses 350 mil m2 do Alto de Pinheiros.

Há seis anos, quando começou a andar pelo Parque Villa Lobos dentro do uniforme preto de segurança, Marcílio tem acompanhado as mudanças na paisagem. ‘É como uma criança que a gente está vendo crescer.’ Em 94, quando foi aberto ao público, o Villa, como é carinhosamente chamado pelos funcionários e freqüentadores, era apenas uma área livre, marcada pela aridez. ‘Não tinha cara de parque’, diz Marcílio.

Até 93, o espaço que hoje já pode ser chamado de parque era um aterro de entulho e, ainda hoje, parte dos restos de materiais de construção descansa em paz sob o gramado e as árvores. É por isso que o Villa está nove metros acima do nível da rua, mas os fantasmas do subsolo não assustam mais seu administrador, Flávio Scavasin, que tem muitos planos para dar cada vez mais vida ao Villa Lobos.

Até o fim deste ano, estará concluída a obra que amplia a área do parque para 732 mil m2, em direção à Marginal do Pinheiros, aumenta a extensão da ciclovia e das pistas para caminhada e número de playgrounds. No começo de 2006, as águas de março deverão servir de irrigação para o plantio de mais 17 mil mudas. Hoje, suas sementes germinam em viveiro dentro do parque.

Só que, para que o Villa Lobos se pareça com o projeto original, que prevê a construção de espelhos d’água, museu, restaurante e área de eventos, ainda não há prazo definido. É preciso que, antes, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente consiga uma verba de R$ 150 milhões.

Mas o segurança Marcílio não se importa em esperar pelo fim das obras, pois, enquanto vigia o parque, vê que o Villa, além de se tornar um parque de verdade, também mudou a região. Ele aponta a Avenida Professor Fonseca Rodrigues, onde estão as entradas do Villa, e comenta: ‘Nessa avenida, tinha uma porção de terrenos. Hoje está cheia de prédios bonitos e há outros em construção.’

Deficientes não foram esquecidos

No Villa, os deficientes não foram esquecidos. Os acessos para as quadras e pistas têm rampas, há banheiros adaptados, cadeiras de rodas disponíveis e vagas no estacionamento. As crianças e adolescentes das escolas públicas também têm vez. O Projeto Criança Cidadã oferece atividades esportivas e recreativas.

Já o Bola Dentro atende 128 jovens, de 7 a 14 anos, que têm a formação de juízes, professores de tênis e tenistas profissionais.

A garotada pode, além disso, participar dos projetos de futebol de campo, areia e futsal. E a turma mais velha não foi esquecida: participa de aulas de ginástica oriental, yoga e oficina de orquídeas.

A segurança dos freqüentadores também está garantida: além de Marcílio e de seus nove colegas, funcionários de uma empresa particular, a 1ª Companhia do 23º Batalhão da Polícia Militar também está instalada no parque. Com bicicletas, os PMs ajudam na vigilância.

Desde a inauguração do parque, o casal Geraldo e Beatriz Toledo Olivetti, morador do bairro, não passa um dia sequer sem ir ao Villa para caminhadas ou sessões de alongamento. Beatriz só faz elogios: ‘Venho também aos sábados para fazer ginástica. Minha turma é ótima e eu adoro.’ Já Geraldo reclama um pouco: ‘Acho que deviam deixar uma pista só para pedestres, outra para os ciclistas e mais uma só para quem tem cachorro’.

William Machado, 11 anos, e Félix Souza Santos, 12, não têm reclamações. Moram no Jaguaré e, quatro vezes por semana, enfrentam os riscos da Marginal com as bicicletas para pedalar à vontade no parque. ‘Nossa mãe não deixa a gente andar de bicicleta na rua.’

Passeio pelo shopping

Ouvindo música no walkman, o advogado Altair Junqueira, 55 anos, caminha no parque três vezes por semana. Ele só reclama da falta da companhia da mulher, Irene, que prefere bater perna no Shopping Villa Lobos. ‘Enquanto ando cinco quilômetros, ela faz 200 metros por hora na frente das vitrines. Não sei que gosto mulher tem de ficar olhando coisas em shopping.’ E, enquanto Altair fica em forma e respira ar puro, Irene se delicia com as roupas, perfumes e a parada para o cafezinho.