Começa oferta pública de ações da Cesp

Valor Econômico - Terça-feira, dia 18 de julho de 2006

ter, 18/07/2006 - 11h03 | Do Portal do Governo

Adriana Cotias

Começa hoje e vai até o dia 24 o prazo para o investidor participar da oferta pública de ações da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Também hoje é o último dia para quem quiser aderir à operação da incorporadora de edifícios residenciais Cyrela Brazil Realty.

A oferta da Cesp vai movimentar R$ 2,8 bilhões e faz parte de um programa amplo de reestruturação, que inclui emissões de debêntures e de cotas de fundo de recebíveis. Já a Cyrela vem com uma emissão de 24,7 milhões de ações ordinárias (ON, com direito a voto) e pode levantar cerca de R$ 760 milhões, considerando-se o atual preço dos papéis na Bovespa.

A captação da geradora prevê a venda de R$ 1 bilhão em ações ordinárias e de R$ 1,8 bilhão em preferenciais classe B (PNB, sem direito a voto). O governo paulista, o controlador, se compromete a ficar com R$ 1,2 bilhão – a totalidade das ON e uma parte das PNB – usando os recursos obtidos com a privatização da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), no fim de junho.

Dez por cento das ações PNB serão destinadas ao varejo, que pode encomendar lotes entre R$ 1 mil e R$ 300 mil. Para analistas, a operação da Cesp vem em boa hora, já que complementa o plano de capitalização da geradora deixando-a preparada para participar dos leilões de energia nova e garantir receitas futuras. A avaliação de um especialista independente é de que esse é um investimento que cai melhor no longo prazo, mas tudo vai depender da definição do preço dos papéis ofertados, no dia 27.

Cesp PN – que passará a ser listada como PNA – vem sendo negociada na casa dos R$ 15. Já as ações PNB, que começam a ser negociadas na bolsa no dia 31, garantirão o “tag along”, o prêmio de controle aos minoritários no caso de venda da companhia.

Na operação da Cyrela, 10% dos papéis vão para o varejo, para aplicações entre R$ 5 mil e R$ 300 mil. E, para atender à eventual procura de investidores institucionais, a operação pode crescer em 15%, com a venda de mais 3,7 milhões de ações pertencentes a Rogério Jonas Zylbersztajn e à Eirenor Sociedad Anonima . Na semana passada, a Banif Primus Corretora foi excluída da distribuição pelo coordenador Credit Suisse pelo fato de um analista do Banif do México ter falado sobre a empresa ao Valor, apesar de ele não ter feito nenhuma menção à oferta.

No comunicado ao mercado em que cancela as reservas feitas por meio da corretora do Banif, a Cyrela e o Credit Suisse dizem que os potenciais investidores não devem tomar qualquer decisão de investimento com base nas informações publicadas na edição de 13 de julho do Valor, considerando apenas aquilo que está expresso no prospecto de 290 páginas. Dois dias antes, em relatório enviado a clientes, o analista Luis Antonio de León iniciara a cobertura das ações da Cyrela com recomendação neutra e um preço alvo de R$ 38,80.

O especialista considerou o papel caro em relação aos pares internacionais e afirmou haver limitações na comparação entre o desenvolvimento do mercado imobiliário mexicano e o que se configura para o Brasil. Isso porque a evolução do setor naquele país foi amparada pelo financiamento governamental aos trabalhadores. Já no Brasil as empresas são mais dependentes do nível do juro e incorrem em risco de crédito ao financiar os clientes. Desde a oferta realizada em setembro, a R$ 15, as ações da Cyrela mais do que dobraram de valor. Ontem, porém, caíram 4,9%, para R$ 31.