Combate ao dengue mobiliza 4 mil

Diário de São Paulo - 23/11/2002

sáb, 23/11/2002 - 13h01 | Do Portal do Governo

Número de casos da doença cresceu em São Paulo em relação a 2001. A maior parte é da Zona Norte. Hoje é dia de mutirão para destruir focos

Quase 4.000 pessoas, entre agentes de saúde, funcionários da Prefeitura e voluntários, atuam hoje em toda a cidade de São Paulo na campanha do Dia D de Combate ao Dengue. A campanha nacional lançada pelo Ministério da Saúde tem o objetivo de conscientizar a população para prevenir a doença, evitando criadouros do mosquito Aedes aegypti.

Na Capital, mesmo com campanha durante o ano todo, distribuição de panfletos e cartilhas, shows nos parques e propaganda de 15 segundos na TV, aumentou o número de doentes autóctones, ou seja, que pegaram a dengue na cidade. Em 2001, foram 308 casos, contra 429 confirmados até 22 de outubro deste ano — a maior parte na Zona Norte.

Mesmo com o aumento de casos, a Prefeitura considera que tem um trabalho bem-sucedido na cidade. “Seguramos os criadouros, mas não ficamos tranqüilos com o que existe ao redor da cidade”, disse o gerente do Projeto Prioritário Dengue da Secretaria Municipal da Saúde, Pedro Bonequini.

Hoje, em todos os bairros da cidade haverá palestras, passeatas, shows e outras atividades para esclarecer a população. O secretário municipal da Saúde, Eduardo Jorge, participará da abertura oficial da campanha no Itaim Paulista, Zona Leste, e lança nova cartilha do município em Cidade Tiradentes. No Ipiranga, às 11h30, na Praça Padre Pedro Balint, haverá o enterro simbólico do mosquito.

No estado de São Paulo, apesar de o número de casos ser menor do que o registrado em 2001, o risco de uma epidemia é realidade. Até 8 de novembro, o estado registrava 41.871 casos, contra 51.500 confirmações em 2001. Dos 645 municípios, 486 estão enfestados com o mosquito. A situação mais dramática é a da Baixada Santista, que registra 70% dos casos do estado. A boa notícia é que diminuiu o número de cidades com casos da doença: de 192 no ano passado para 185 neste ano.

A preocupação das autoridades de saúde do estado e do município é com a aproximação do verão, quando ocorre o pico da doença, o que pode aumentar o número de registros, chegando à epidemia. “Ainda não chegamos ao final do ano”, lembrou Ricardo Ciarovolo, pesquisador da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).

Motivar a população

A expectativa do secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, é que o dia de hoje sirva de alerta à população, que precisa se conscientizar de que prevenir o dengue é tarefa de todos. “A população precisa ter consciência de que é preciso erradicar o dengue, porque a cada ano o risco de dengue hemorrágico aumenta”, afirmou. O secretária tem razões para se preocupar com o dengue hemorrágico, o tipo mais grave da doença. Neste ano já foram registrados 19 casos contra cinco em 2001.

A secretaria estadual articula com a Universidade de São Paulo (USP) um trabalho conjunto para conscientização dos paulistas. Segundo Guedes, a Escola de Comunicação e Artes e a Faculdade de Psicologia já organizam um seminário para discutir como motivar a população para o combate à doença.

“Se aplicássemos uma prova sobre o que é dengue e como combatê-lo, a nota da população com certeza seria acima de oito. Mas, se fôssemos ver a prática, a nota seria bem mais baixa”, compara o secretário.

Jaqueline Falcão / Viviane Raymundi