Com prova mais acessível, sobe nota de corte do vestibular da Fuvest

O Estado de S.Paulo - Quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

qui, 11/12/2008 - 10h40 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

A maior parte das notas de corte da Fuvest subiu neste ano. Entre os cursos mais concorridos, elas chegaram a patamares só alcançados há cinco anos. Em Medicina – que tem tradicionalmente a mais alta nota do vestibular – foi registrado o maior índice desde 1999. A quantidade mínima de acertos para passar para a segunda fase nesse curso foi de 77 pontos, ou seja, 85% das 90 questões da primeira etapa.

Dos 108 cursos, 52 tiveram notas maiores, 19 permaneceram as mesmas do ano passado e 32 foram menores. Cinco deles mudaram a denominação de um ano para outro e não podem ser comparados. Entre os que caíram estão cursos menos concorridos, como Geografia, Pedagogia e Ciências Biológicas. De acordo com estudo feito pelo Curso Etapa, no geral, a nota de corte da Fuvest de 2009 aumentou 0,6 ponto em relação ao vestibular de 2008.

Segundo especialistas, há diversos fatores que podem explicar a evolução nas notas de corte, crescente há alguns anos. Um deles é que o exame está mais fácil ou mais acessível. Isso porque a nota de corte é calculada com base em uma média do desempenho de todos os candidatos. Quanto melhor eles se saírem maior será a quantidade mínima de acertos exigida para passar para a próxima fase.

O coordenador-geral do Colégio Etapa, Carlos Eduardo Bindi, acredita que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) influenciou as mudanças na Fuvest. “O Enem é uma prova muito mais fácil e mesmo assim separa bem quem está preparado e quem não está”, diz. “Por causa da grande força do Enem na mídia, as universidades têm pressionado para que seus vestibulares se tornem mais simples. Assim, ele fica mais acessível ao aluno bem preparado e sobem as notas de corte dos cursos mais concorridos, em que eles se inscrevem”, avalia.

Desde 2002, a Fuvest tem declarado que o exame seria “facilitado” para permitir um ingresso maior de estudantes de escolas públicas, que representavam 20% dos aprovados. O Enem – que tem questões menos conteudistas e mais interdisciplinares – chegou a ser citado como um modelo a ser seguido. Em questões de física ou química, fórmulas passaram a ser oferecidas aos alunos nas próprias questões da Fuvest. Palavras menos usuais nos textos das perguntas começaram a ser explicadas. Os enunciados se tornaram mais curtos e diretos.

Em 2006, a Universidade de São Paulo (USP) anunciou seu programa de inclusão e alunos de escolas públicas passaram a receber 3% na nota de bônus. Outros 3% puderam ser recebidos a partir deste ano, desde que o candidato tivesse um bom desempenho numa prova realizada em novembro para os concluintes do 3º ano do ensino médio de escolas estaduais. Os bônus, no entanto, só são computados depois do cálculo da nota de corte.

Serão convocados para a segunda fase da Fuvest 38.606 – incluindo treineiros – dos cerca de 130 mil inscritos. A lista oficial de aprovados sai na segunda-feira. Os exames serão entre 4 e 8 de janeiro.

O coordenador do Curso Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, acredita também que as notas de corte subiram porque os alunos têm se preparado mais. “Quem presta Fuvest já sabe que a prova é árdua e se dedica mais”, afirma Nascimento. Para ele, estudantes que não se sentem preparados já estão desistindo de participar da prova. O Estado mostrou que a Fuvest teve o menor número de inscritos do últimos 11 anos neste vestibular.

Entre as notas de corte mais altas deste ano estão Engenharia Aeronáutica (72) e Audiovisual (67). “Com exceção de geografia, a prova foi mais tranqüila”, disse Fernando Barbosa Sanchez, de 20 anos, que garantiu um lugar na segunda fase do vestibular para Medicina com 82 pontos.