Com o Disque-Denúncia, 17.259 prisões em flagrante

O Estado de S.Paulo - Sábado, 12 de novembro de 2005

qua, 16/11/2005 - 12h29 | Do Portal do Governo

Instituição faz cinco anos com imagem consolidada e renova contrato com a Secretaria da Segurança por mais cinco anos

Marcelo Godoy

Telefonemas anônimos possibilitaram que 17.259 prisões em flagrante fossem feitas nos últimos cinco anos em São Paulo. Eles permitiram ainda que a polícia encontrasse 66 cativeiros, libertando vítimas seqüestradas, além de mandar de volta para a cadeia 2.404 fugitivos. As denúncias da população que provocaram tudo isso chegaram à polícia por um mesma central de atendimento, a do disque-denúncia. O serviço, que funciona no número 181, completou ontem cinco anos de funcionamento. Ele teve seu contrato com a Secretaria da Segurança Pública prorrogado por mais cinco anos e se fez um balanço das atividades.

‘O serviço se consolidou e hoje é uma instituição paulista muito respeitada pela população e extremamente útil para a solução de vários crimes’, afirmou Eduardo Capobianco, presidente do Instituto São Paulo Contra a Violência. O instituto é quem gerencia o disque-denúncia, em parceria com a Secretaria da Segurança.

Pelo sistema, qualquer pessoa pode telefonar sem se identificar. O denunciante recebe uma senha e, 15 dias depois, pode voltar a ligar para saber o resultado da denúncia. Enquanto isso, a informação é averiguada pela polícia.

O serviço começou tímido. Foram 9 mil ligações no ano de 2000. Mas o número de chamados não parou de crescer, chegando a 112.900 em 2004. Neste ano, já foram 88.900 ligações até outubro. Para ter uma idéia da importância dos telefonemas, basta verificar a qualidade das informações dadas: só neste ano eles permitiram a solução de 18.200 casos.

Entre os episódios importantes resolvidos com base em informações prestadas ao serviço está o esclarecimento de ataques a bases comunitárias da PM, praticados por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), em 2003, em São Paulo. Em março de 2004, o corretor de seguros Dagmar Oliveira Junior foi libertado do cativeiro em São Mateus, na zona leste da capital, depois que policiais receberam informações do disque-denúncia.

‘A população denuncia o que está mais incomodando’, afirmou Capobianco. Para ele, o serviço também é uma forma de verificar os crimes que a população quer que a polícia resolva. Capobianco afirmou ainda que o desafio do sistema é conseguir ampliar a penetração no interior. De qualquer cidade do Estado, é possível telefonar para o disque-denúncia pelo mesmo número. O instituto quer divulgar o serviço nos vidros de ônibus no interior.

Atualmente, a maioria das denúncias feitas ao sistema vem da região metropolitana de São Paulo. Recentemente, o serviço passou a receber também denúncias sobre armas ilegais (3.738 apreensões), furtos de energia (1.254 casos), postos de gasolina que vendiam combustível adulterado (151 casos), sonegação fiscal (173 casos) e roubo e furto de cargas (141 carregamentos foram recuperados pela polícia).

Para o secretário da Segurança, Saulo Abreu, a consolidação do disque-denúncia é uma vitória da credibilidade da polícia, pois a população acreditou que sua informação seria levada a sério e investigada. O serviço se transformou na principal parceria da segurança pública com a iniciativa privada no Estado. Para a secretaria, o disque-denúncia também superou todas as expectativas.