Folha de S.Paulo
A Osusp (Orquestra Sinfônica da USP) fará hoje à noite seu concerto mensal na Sala São Paulo, sob a regência do maestro britânico Kirk Trevor. Entre cinco peças no programa, a bela “Bachianas Brasileiras nº 4”, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959).
Das nove “Bachianas” que Villa-Lobos escreveu, entre 1930 e 1945, trechos de duas outras são mundialmente mais gravadas e mais conhecidas. É a “Cantilena” para soprano e violoncelos, um dos movimentos da “Bachianas nº 5”, e “O Trenzinho do Caipira”, tocata que conclui a “Bachianas nº 2”.
Mas o diferencial da nº 4 -versão inicial para piano em 1930, orquestrada em 1942- está sua proximidade espiritual com Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Seu primeiro movimento, “Prelúdio”, e o terceiro, “Ária-Cantiga”, são dois pontos singulares do modernismo musical, ao adotar uma forma lenta de narração filiada ao barroco das cantatas sacras de Bach, em meio à simplicidade melancólica de uma harmonia que traz o perfume do sertão.
Mas o programa da Osusp tem outras boas atrações.
O maestro Kirk Trevor, que estará pela terceira vez frente à orquestra, estreará uma curta peça de oito minutos de Rodrigo Lima, vencedor há dois anos do concurso Camargo Guarnieri de composição.
Terá também o “Tangazo para Orquestra Sinfônica”, de Astor Piazzolla (1921-1992). É uma peça para orquestra excepcionalmente sem o solo de bandoneón -instrumento por excelência do tango-, estreada em 1970 e com uma sucessão de motivos que alternam ritmos e formam, como de hábito, um conjunto vivíssimo de cores.
A peça concertante do programa tem como autor o russo Sergei Prokofiev (1891-1953). Será o segundo dos dois concertos para violino e orquestra que ele nos legou.
O concerto estreou em Madri em 1935, quando o compositor e também pianista excursionava pela Europa Ocidental, um ano depois da decisão de se fixar em definitivo na União Soviética, que deixara em 1920.
É uma peça suntuosa por sua orquestração e extremamente hábil na parte do solista, que de início reproduz uma melodia tradicional russa -ela reaparece em diálogo com um violoncelo- e termina com um rondó em que o ritmo e a percussão lembram a música espanhola.
A solista será Chloe Trevor, filha do maestro e música da Sinfônica de Dallas. Ela é um valor em ascensão em seu instrumento, com quatro prêmios no currículo.
SINFÔNICA DA USP
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº., tel. 3223-3966)
Quanto: de R$ 15 a R$ 100 (com meia para estudantes, aposentados e pessoas com mais de 60 anos)