Com a dengue, aumenta o risco de febre amarela

Jornal da Tarde - 25/2/2003

ter, 25/02/2003 - 13h33 | Do Portal do Governo

O mosquito Aedes Aegypti também pode transmitir o vírus da outra doença em sua forma silvestre

Os técnicos da Superintendência de Controle de Endemias (Sucem) estão preocupados com a possibilidade de um surto de febre amarela urbana porque o principal vilão, o Aedes Aegypti, está na capital e em outros 489 municípios do Estado. O mosquito transmissor da dengue também pode proliferar o vírus da febre amarela caso entre em contato com uma pessoa contaminada pela doença em sua forma silvestre, adquirida principalmente em Minas Gerais e nas regiões Norte e Centro-Oeste do País. Neste ano, já são 13 casos confirmados de dengue na capital e outros 2.615 no resto do Estado.

O pesquisador científico da Sucem Ricardo Mário Ciaravolo explica que a principal forma de se evitar a febre amarela urbana é orientar a população sobre a importância da vacinação para aqueles que pretendem viajar para as regiões expostas ao vírus. Nestas localidades, o mosquito Hemagogus é o responsável pela transmissão da doença – típica de macacos – para o homem.

‘A febre amarela silvestre e a urbana têm o mesmo vírus, a única diferença é o mosquito vetor’, esclarece.

Neste ano, em Minas Gerais, foram registrados 34 casos confirmados de febre amarela silvestre, com 14 mortes. O número, levantado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), é considerado alto pelo técnico da Sucem. Ele se diz preocupado com a chegada do carnaval, quando um grande número de pessoas viaja para fora do Estado.

‘O problema é que a vacina antiamarílica deve ser tomada dez dias antes de a pessoa ser exposta à febre amarela. Esse é o tempo necessário para o organismo criar anticorpos’, conta Ciaravolo.

O mecânico Marcos Paulo da Rocha Silva, de 29 anos, embarca na sexta-feira para o Pantanal mato-grossense e ficou sabendo apenas ontem da necessidade da vacinação. ‘Faltou informação’, protesta. ‘Quem não tomou a vacina dentro do prazo é melhor adiar o passeio’, aconselha Ciaravolo.

Como o comprovante de vacinação é exigido para viagens internacionais, o vendedor Fábio Guerra, de 27 anos, preferiu garantir a prevenção da doença quase um mês antes de embarcar para o México. ‘Soube dos riscos da febre amarela porque é exigido nos documentos para sair do País. Se fosse viajar pelo Brasil, não saberia.’

As dúvidas sobre a vacina contra a febre amarela têm aumentado o número de ligações para o plantão do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual de Saúde. Na última quinta-feira, foram contabilizados 400 telefonemas. ‘Muitos querem saber a localidade dos postos que aplicam a vacina, gratuitamente’, diz a médica plantonista Neuma Hidalgo. Segundo ela, há 52 postos na capital. Os endereços podem ser obtidos pelo telefone 0800-555466.

Além da vacinação, Ciaravolo aconselha a população a aumentar os cuidados em casa para evitar a proliferação do Aedes Aegypti.